O delegado da Polícia Civil Fernando Araújo da Cruz, acusado de matar o pecuarista boliviano Alfredo Rangel Weber dentro de uma ambulância em Corumbá (MS) no dia 23 de fevereiro deste ano, virou réu em denúncia oferecida pelo MPE (Ministério Público Estadual) e deve perder o cargo. Em despacho, o juiz André Luiz Monteiro, da 1ª Vara Criminal de Corumbá, marcou audiência de instrução e julgamento para o dia 20 de setembro deste ano, conforme matéria publicada pelo site Midiamax.
Fernando Araújo da Cruz será interrogado por videoconferência, já que ele está preso em Campo Grande, assim como as oitivas de algumas testemunhas. A Justiça ainda determinou envio de carta rogatória para a Bolívia, solicitando o depoimento das testemunhas.
Na decisão, o juiz André Luiz deferiu pedidos da defesa que incluem os laudos de vistoria em local de crime, do projétil retirado do corpo da vítima e se houve apreensão da jaqueta da Polícia Civil, que pertence ao delegado investigado. As remessas deverão ser enviadas no prazo de 10 dias para a Justiça.
Há determinação também de perícia para comparar a altura da suspensão da camionete referente as fotografias obtidas pelo Detran e da camionete que aparece nas imagens obtidas através das câmeras de vigilância da estrada de acesso à fronteira Brasil/Bolívia.
Fernando foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por emboscada e impossibilidade de defesa da vítima. Ele está preso desde o dia 29 de março deste ano. O delegado, que também é acusado de envolvimento com o tráfico de drogas, esfaqueou Alfredo e depois seguiu a ambulância que levava o boliviano para ser atendido em Corumbá. Ainda na estrada, após interceptar o carro da emergência, o delegado matou Alfredo a tiros na frente do médico, motorista e irmã da vítima.
O delegado na época não teria visto a irmã de Alfredo dentro da ambulância, sendo avisado pelo investigador da polícia Emmanuel Contis. Em meio a toda a trama do assassinato, testemunhas foram coagidas sendo uma delas o motorista da ambulância, que teve como advogada a mulher de Fernando, Silvia.
Mas, o que o casal não esperava era que policiais bolivianos e até um promotor usassem de chantagem para extorquir os dois, com pedido de R$ 100 mil para que não implicassem o delegado ao assassinato. Na tentativa de encobrir os rastros do crime até execuções dos policiais e delegados que estavam investigando o caso foi arquitetada por Fernando e Emmanuel, que informava ao delegado todos os passos das investigações.
O delegado ainda estaria ligado ao tráfico de drogas, já que ele e a mulher estariam em contato com Fernando Limpias, que já havia trabalhado para Adair José Belo conhecido como ‘Belo’ e para Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro, que foi preso em Santa Catarina, no dia 4 de abril.
Fernando Limpias estaria comprando fazendas, com pista de pouso, na Bolívia para o transporte de drogas e estava à procura de ‘parcerias’. Silvia, então, teria oferecido a ‘parceira’ através da logística de reabastecimento dos aviões. Nas conversas com o traficante é perceptível o domínio do assunto tanto pelo delegado como por sua mulher. A defesa do delegado negou as acusações sobre envolvimento com o tráfico de drogas.