Com previsão de terminar até às 21 horas desta quarta-feira (19), o julgamento do empresário campo-grandense Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, do ex-guarda municipal Marcelo Rios e do policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, o “Vlad”, pela execução do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier, em 9 de abril de 2019, entrou na reta final.
Segundo o site OJacaré, durante o interrogatório, Jamilzinho e Marcelo Rios procuraram explicar as evidências e desvincular as pistas do assassinato. Conforme o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, os quatro promotores e os advogados terão nove horas para o embate.
Para o ex-capitão PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, o “PX”, pai da vítima e que seria o verdadeiro alvo dos pistoleiros, Jamilzinho manteve a postura de poderosíssimo durante o interrogatório.
“O Jamilzinho tentou mostrar o poder de dinheiro que ele tem em vez de usar o tempo para se defender. Falando dos cassinos que ele ia, dos cartões com 50 mil de dólares para gastar em cassino. Usou o tempo para isso em vez de se defender daquilo que é acusado”, disse.
Além disso, Jamilzinho tentou explicar as evidências mais fortes de participação no crime. Ele e o pai eram donos da casa, que teria sido tomada mediante extorsão do empresário José Carlos de Oliveira, no Jardim Monte Líbano e onde foi encontrado um arsenal de armas de guerra.
“Eu nunca fui nessa casa. Segundo, eu não tenho grupo armado de assalto a banco, nem de facção criminosa, nem de tráfico de drogas para ter ou para qualquer tipo de vínculo de relação com aquilo que foi apreendido. Se caso fosse, pertence meu, como eles dizem que é uma organização muito bem, eu vou deixar dentro de uma propriedade minha, no centro da cidade?”, questionou o empresário.
A casa estava em nome de Jamil Name. A apreensão do arsenal de guerra só foi possível mediante a prisão de Marcelo Rios, um dos acusados de intermediar a contratação dos pistoleiros para matar o estudante e o empresário Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”.
Em depoimento, o guarda municipal confirmou que guardou as armas. Na sua versão, Juanil Miranda Lima, acusado de ser o pistoleiro que matou Matheus com sete tiros de fuzil, teria lhe pago R$ 2 mil para guardar o arsenal de guerra. “Sim, ele foi lá, me ofereceu esse dinheiro, foi isso pessoalmente”, afirmou.
Ao responder para a advogada Cristiane Almeida Coutinho, mãe da vítima e que atua como assistente de acusação, Marcelo Rios admitiu que recebeu as armas de Juanil. “Essas armas foram passadas pelo carro dentro do Parque Jacques da Luz. Terminou meu plantão, eu fui para casa. Foi isso que eu fiz”, contou.
Jamilzinho também tentou explicar a famosa e emblemática ameaça, de que promoveria a “maior matança de Mato Grosso do Sul, de picolezeiro a governador”. A frase foi dita em mensagem enviada à ex-mulher.
Ele disse que estava sob efeito de remédios usados para ansiedade e os tinha misturados com cerveja. “Comecei a tomar de forma excessiva, levava na carteira. Comecei a misturar ele com cerveja. Não lembrava do que escrevi, o que tinha feito”, explicou o empresário, negando que tenha tido a intenção de sair matando todo mundo de forma impune no Estado.
Jamilzinho negou, inclusive, que atuava no jogo do bicho, a atividade mais famosa e que teria construído o império financeiro do pai, Jamil Name. “Eu não atuo no jogo do bicho. Eu atuei em empresa de promoção de loteria em Mato Grosso do Sul”, disse, sobre a Pantanal Cap, que acabou fechada pela Justiça após ser acusada de lavagem de dinheiro do jogo do bicho na Capital.
O empresário confirmou que Marcelo Rios e Vlad trabalhavam para a família. Sobre Juanil, Jamilzinho apontou que era ligado a facção criminosa paulista PCC. A estratégia da defesa é tentar ligar a execução de Matheus ao crime organizado e não a uma vingança da família Name contra o Paulo Roberto, o pai do garoto.
A sentença depende dos sete jurados, que vão decidir se os três são culpados ou inocentes pela morte de Matheus Coutinho Xavier.