Há um certo tempo, um sujeito que tem alguns IPLs (inquéritos policiais) no lombo foi prenunciado para um cargo estratégico no Parque dos Poderes. Na época esse anúncio deixou o outro chefe interino em faniquitos, tudo porque ele considerava inadmissível que o tal sujeito e sua longa ficha, ocupassem a tal vaga estratégica. Segundo ele, somente um indivíduo com conduta ilibada poderia ser digno de tal cargo, devido sua proximidade com o chefe geral. E o tal sujeito teria sido alvo de operações da PF e teve que prestar esclarecimento por ter repassado informações sigilosas a grupos criminosos.
No afã de impedir que tal indicação se confirmasse, empenhou-se em fazer pesquisas, checagens e contatos. Ressuscitou matérias jornalísticas, juntou áudios de operações e produziu o seu Relatório da ojeriza.
Queria a todo custo impedir que o tal sujeito fosse nomeado, por isso argolou até o irmão dele, por suas relações impróprias (para não dizer suspeitas). Mas todo seu trabalho foi em vão. A nomeação do sujeito havia sido acertada no nível dos tubarões, a pedido de um certo “coroné”.
Mas nada como um dia atrás do outro para comprovarmos que somente um gambá cheira outro.
O chefe interino deixou de ser chefe, pois permaneceu no mesmo órgão. E o tempo passou, passou, mas passou tanto que chegara a hora do menino prodígio com síndrome de garnisé ser transferido, e é claro, perder sua pomposa remuneração.
Mas como ele não quer sair de lá, pois está muito bem (obrigado), teve que suplicar por sua permanência. Foi então falar com o sujeito que antes considerava impuro, mas agora se tornou seu “My Best Friend”, afinal, o tempo (ou a necessidade) muda os homens.
A situação seria vexatória para alguém com integridade e dignidade, mas o interesse pessoal do menino falou mais alto. E agora ele tem mais cautela ao preencher seus relatórios, afinal de contas, o alvo de hoje pode ser um forte aliado amanhã.
O fato é que ele agora deve favores. E seus subordinados começam a questionar sua isenção, principalmente quando estão se sentindo assombrados, pois alguns estão até ouvindo fantasmas. Providencialmente a casa de onde estão saindo os fantasmas é também local de trabalho do irmão do sujeito que outrora foi tratado como alvo, mas agora é tábua de salvação.
Em um passado recente interesses pessoais macularam a atividade fim do tal órgão. E o futuro nos dirá se essa é uma prática corriqueira por lá. Afinal, os fantasmas estão a solta. Será que eles serão exorcizados ou apenas usado?