Dados da União e do Estado não batem sobre apreensões de cocaína em Mato Grosso do Sul

Relatório divulgado na última sexta-feira (27) pela Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal revela que entre janeiro e outubro deste ano foram interceptadas 57,7 toneladas de cocaína em Mato Grosso do Sul, o que representa uma média diária de 190 quilos e um “prejuízo” estimado na casa dos R$ 10,4 bilhões ao crime organizado.

No entanto, o dado está muito acima do divulgado oficialmente pelo Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), que contabilizou no mesmo período 13,3 toneladas apreendidas da droga no Estado.

A comparação dos dados da Sejusp, que contabilizam apreensões feitas pelas polícias estaduais e a maior parte daquelas feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), com os da União há um déficit de 44,4 toneladas, ou seja, a quantidade do governo estadual é 77% abaixo daquilo que o governo federal informou.

A assessoria da Sejusp informa que a secretaria contabiliza as apreensões feitas pelos grupamentos estaduais e aquelas que a PRF entrega em delegacias da Polícia Civil. Ou seja, as apreensões feitas pela Polícia Federal e as da PRF entregues às delegacias da PF não são computadas pela Sejusp.

A PRF, por sua vez, informa que naquelas cidades onde existe delegacia da PF, as drogas são entregues nesta instituição. Nos outros casos, a entrega é feita à Polícia Civil. Porém, não existe nenhuma instituição que colete e organize todos os dados relativos ao entorpecente que movimenta algumas centenas de milhões de reais por ano.

A PRF, por exemplo, avalia a cocaína em cerca de R$ 180 mil o quilo, sendo que a maior apreensão já feita no Estado, de quase 1,9 tonelada, em fevereiro de 2023, a PRF informou que o prejuízo ao narcotráfico foi de R$ 334 milhões

Então, se realmente tiverem sido apreendidos 57,78 mil quilos nos primeiros dez meses do ano em Mato Grosso do Sul e o valor do quilo é de R$ 180 mil, o narcotráfico teria deixado de faturar algo em torno de R$ 10,4 bilhões somente neste período.

No entanto, se o número mais aproximado for o da Sejusp (13,37 toneladas), ainda assim o prejuízo seria bilionário, da ordem de R$ 2,4 bilhões.

Porém, as quadrilhas já trabalham com a possibilidade de determinadas perdas, que são insignificantes diante daquilo que chega ao destino. Estimativas da ONU apontam que somente 10% da cocaína produzida no mundo é interceptada pelas forças policiais.