A dívida beira à casa dos R$ 300 mil, pois Leandro Mazina não paga o aluguel desde maio de 2023. Ele chefiou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande) de 1º de abril até dezembro de 2012, último mês do segundo mandato do então prefeito da cidade, Nelsinho Trad.
André Patrola, conforme consta na ação de despejo, alugou o apartamento ao médico em maio de 2019 pelo prazo de dois anos. O imóvel em questão, o suntuoso e situado na Avenida Euclides da Cunha, onde fica um dos metros quadrados mais caros da cidade, é o elegante Edifício Ile de France [ilha da França].
Pelo combinado, o aluguel foi fixado em R$ 5 mil mensais, fora a taxa do condomínio e a parcela do IPTU. No contrato, diz também, que a prestação por morar no apartamento tido de alto luxo, se pago em dia, cairia para R$ 4 mil. No entanto, Leandro Mazina, conforme a ação de despejo, deixou de pagar a conta em maio de 2022, logo após o cunhado Marquinhos Trad ter renunciado à prefeitura.
Pelo ato judicial, Patrola não quer saber de conversa. “Não obstante os meses em atraso, o autor implementou todos os meios possíveis à solução pacífica do imbróglio, não restando outra alternativa senão o pedido de despejo com cobrança dos valores pendentes”, enuncia a defesa do empreiteiro.
“Esclarece-se que o réu [Leandro Mazina] possui clara disposição de, mantendo o inadimplemento, continuar inserido no imóvel em evidente desacordo contratual e em contrariedade à vontade da autora. Em vista do inadimplemento, o autor não mais possui intenção de manutenção da relação locatícia”, disseram os advogados de Patrola.
Ou seja, pelo narrado na petição, o ex-secretário municipal quer continuar morando no apartamento de Patrola, mesmo inadimplente. O Correio do Estado, ouvindo pessoas donas de imóveis no Ile de France, disseram que um apartamento por lá, se alugado, custaria de R$ 10 mil a R$ 15 mil mensais – se Leandro Mazina pagasse em dia a soma cairia para R$ 4 mil.
Outro dado do Ile: o apartamento de Patrola, sob a avaliação no mercado mobiliário local, custaria de R$ 3 milhões a R$ 3,8 milhões. Ainda pela ação de despejo, que corre na Vara Cível Residual de Campo Grande, a Mazina, que ainda não foi ouvido, será proposto o pagamento da dívida e o imediato despejo do imóvel.
André Patrola acumula encrencas na Justiça. Dono das empreiteiras ALS dos Santos e também a ALS Transportes, foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Pelo apurado pelo MPMS, o empreiteiro surge numa investigação como suposto envolvido em fraude à licitação, lavagem de capitais e ainda por ligação com organização criminosa. As empresas de Patrola locam maquinários para a pavimentação e manutenção de estradas e ruas nas cidades.
Ainda conforme o MPMS, os contratos firmados entre Patrola e a prefeitura de Campo Grande, que arrecadaram em torno de R$ 300 milhões, foram acertados de maneira suspeita.
Pelo negócio, as empresas de Patrola teria de conservar as vias da cidade, as sem o asfalto. A tarefa, contudo, segundo a investigação, não era concluída, mas, ainda assim, paga.
Os principais contratos com as empresas de Patrola e a prefeitura foram ajustados no período da gestão de Marquinhos Trad, o cunhado de Mazina, que pode ser despejado, por não pagar aluguel para morar no apartamento do empreiteiro.
Patrola foi, ainda, multado em R$ 1,3 milhão por desmatamento ilegal na região do Pantanal sul-mato-grossense.