A Semed (Secretaria Municipal de Educação) vai averiguar a conduta da professora da Reme (Rede Municipal de Ensino), Emy Santos, que é uma mulher trans e foi alvo de denúncias após se vestir de princesa para recepcionar os alunos no primeiro dia de aula, na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, localizada na Rua Guaianas, 260, no Bairro Vila Sílvia Regina, em Campo Grande (MS).
O secretário municipal de Educação, Lucas Bittencourt, afirmou que a Educação Infantil trabalha com atividades lúdicas, ou seja, com vestimentas de personagens, mas, que deve estar associada ao currículo e ao conteúdo, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Além disso, disse que irá averiguar a conduta da professora.
“Nós abrimos um processo de averiguação e diante dessa averiguação, nós vamos viabilizar para saber o que houve, o que aconteceu e se há necessidade alguma orientação ou intervenção. Eles identificaram que uma professora foi de princesa à escola. A gente tem que ver o que isso tem a ver com o currículo. Vai ser averiguado e nós estaremos dando as orientações específicas à escola, ao servidor e à servidora também”, pontuou o secretário municipal de Educação.
A professora Emy Santos atua no Ensino Básico há um ano e se fantasiou de Barbie para receber os alunos no primeiro dia de aula em um dia especial de comemoração. Mas, a atitude da docente causou polêmica nas redes sociais e virou alvo de denúncias da população e de políticos de direita.
O deputado estadual João Henrique Catan (PL) usou a tribuna da Assembleia Legislativa para denunciar o ato da professora e ainda encaminhou a denúncia à Semed. “Um professor da Rede Pública Municipal está mostrando para alunos de sete anos de idade como é que se veste montada de travesti. Um homenzarrão querendo levar a ideia para alunos de sete anos de idade que o professor homem precisa ter tetas. Eu quero saber e quero oficiar a rede pública e a comissão de Educação aqui da Assembleia também quem é esse professor e quem é esse diretor que permitiu que o professor entrasse dentro da sala de aula fantasiado de travesti. Quer dizer que esse é o dress code? Esse é o uniforme? Mostrar um professor de saia e de teta. Que que é isso? Isso está no plano de ensino? Está no conteúdo pragmático?” questionou.
Nas redes sociais, a professora se defendeu dizendo que foi convidada a se fantasiar de Barbie para receber as crianças de uma forma diferente no primeiro dia de aula. “Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher trans, sou travesti, essa é minha identidade, arte é arte, foi um dia especial na escola, fui convidada a me fantasiar para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula! Meu plano de aula está correto, tudo encaminhado com muito cuidado, trabalhando a criatividade e imaginação das crianças! Tenho meus documentos retificados, tenho diploma, tenho família e sou muito respeitada, porque minha vida é lutar por um mundo melhor e sem preconceito! Espero que a justiça seja feita!!!”, disse.
Em 13 de julho de 2024, a professora postou nas redes sociais um breve relato de como é ser uma mulher trans e trabalhar como professora na rede básica de ensino público de Campo Grande. “Os seis primeiros meses de uma travesti preta na educação básica pública de Campo Grande: quero compartilhar com vocês uma experiência muito profunda que estou tendo como professora e quero adiantar que não tem problema nenhum com as minhas crianças de eu ser quem eu sou. Já o contrário dos meus colegas de trabalho que de certa forma incomoda quem eu sou, que são de alguma forma disfarçados do preconceito que algumas pessoas têm”, compartilhou a docente nas redes sociais.