A falta de ar-condicionado deixou de ser o principal problema dos ônibus do transporte coletivo urbano mantidos pelo Consórcio Guaicurus circulando pelas ruas de Campo Grande. Levantamento do jornal Correio do Estado revela que dos 585 ônibus em operação, 19 estão sucateados e nem deveriam mais estar transportando passageiros pelas ruas da Capital.
Ainda de acordo com a reportagem, são veículos fabricados em 2007 e o contrato firmado entre a Prefeitura e o Consórcio Guaicurus prevê que esses ônibus deveriam ter sido retirados de circulação no ano passado. No entanto, eles continuam operando, provocando transtornos para os passageiros que já pagam uma das tarifas mais caras do Brasil.
Diariamente, os usuários enfrentam os mais diversos problemas, como atrasos por falhas mecânicas, bancos quebrados e até goteiras dentro do ônibus durante os dias chuvosos. Esse problema, por sinal, foi registrado pelos passageiros no Terminal Morenão, que denunciaram vazamento no teto de um dos veículos durante uma chuva.
A própria Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), responsável por acompanhar o serviço da concessionária, confirma o que o risco de acidentes é enorme. Para se ter uma ideia, esses ônibus não têm o amortecedor trocado, sendo que as peças são substituídas por peças velhas readaptadas.
Conforme contrato firmado entre a Prefeitura e o Consórcio, cada ônibus não pode ter mais de dez anos e a média de toda a frota não pode ser superior a cinco anos. A responsabilidade de fiscalizar o serviço e os ônibus que estão em circulação fica a cargo da Agetran e da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).
A Agereg informou que não tinha ciência dos 19 ônibus operando com vida útil findada e vai encaminhar ofício ao consórcio solicitando informações sobre a denúncia. A agência afirmou ainda que, para melhoria das fiscalizações, foi instaurada uma licitação para contratar serviço de inspeção de segurança veicular. Ocorre que o processo de licitação está suspenso em razão de impugnações apresentadas.
Questionado pela reportagem, o Consórcio Guaicurus admitiu a frota vencida e considerou o que houve no ônibus da linha Ramez Tebet um acaso. “Trata-se de caso fortuito. Conforme verificado pelo consórcio, quando da ocorrência, concluiu-se que o alçapão situado no teto do ônibus estava danificado, o que aconteceu em virtude de choque com galho de árvore. Inclusive havia vestígio de folhas e restos dos galhos no alçapão”, respondeu a empresa, por meio de assessoria de imprensa.
Enquanto isso, os passageiros seguem sendo tratados como gado e, olhe lá, pois tem bois que recebem tratamento melhor que os usuários do serviço de transporte coletivo de Campo Grande.
Alô MPE, até quando isso vai continuar?