Depois de 12 horas de julgamento, Thiago Giovanni Demarco Sena, 26 anos, e William Enrique Larrea, 36 anos, foram condenados a 12 anos de prisão pelo assassinato do adolescente Wesner Moreira da Silva, 17 anos, cometido em fevereiro de 2017 após introduzirem, no ânus da vítima, uma mangueira de ar comprimido usada na limpeza de carros em um lava a jato da Avenida Interlagos, em Campo Grande (MS).
No entanto, como a defesa dos condenados recorreu, eles deixaram o Tribunal do Júri pela porta da frente porque ambos têm direito de aguardar o resultado do recurso em liberdade. A acusação, feita por trio de promotores de Justiça, conseguiu convencer o júri, formado por seis homens e uma mulher, a condenar o patrão e o colega de trabalho do adolescente por homicídio qualificado pelo dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de matar) e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O juiz Carlos Alberto Garcete fixou a pena mínima para homicídio e os dois terão de cumprir a pena em regime fechado. A mãe da vítima, Marisilva Moreira, 50 anos, que se emocionou muito durante o júri, passou mal ao ouvir a leitura da sentença e foi apoiada por familiares. Pouco depois, já recuperada, disse que se sente aliviada. “Foram anos esperando por esse momento. Eu sabia que Deus ia ser fiel comigo e ele foi. Eu queria que eles ficassem a vida toda na cadeia, mas esses 12 anos já vão ser suficientes para eles pensarem no que fizeram”, afirmou.
A defesa de Thiago e Willian alegou o tempo todo que a tragédia não passou de uma “brincadeira de mau gosto” e que os clientes não tinham a intenção de ferir ou matar Wesner Moreira. Porém, a tal brincadeira, fez a vítima perder metade do intestino e ter vários outros órgãos lesionados até sofrer hemorragia grave e parada cardiorrespiratória, vindo a falecer.
No plenário, o advogado Francisco Martins Guedes Neto, transmitiu no telão “pegadinhas” em programas televisivos para comparar ao que aconteceu na data do crime, 3 de fevereiro de 2017, no lava a jato. “Olha o perigo, as pessoas brincando, dando risada, achando que é uma brincadeira e que pode ocasionar em morte”, disse.
Já o advogado Ricardo Trad Filho disse que o patrão de Wesner e o lavador de carro eram “idiotas”. “Assassinos não, mas dois idiotas isso sim. Idiotas é isso que eles são por fazer uma brincadeira assim”. O júri teve réplicas e tréplicas, além de discussão entre a promotoria e a defesa dos réus. Mas, nem a tentativa de amenizar a gravidade do ocorrido e nem as lágrimas dos réus comoveram os jurados.
A acusação chamou um médico legista como testemunha e explicou em termos técnicos, o que ocorreu com a vítima. “O ar entrou pelo ânus, então, a mangueira em contato íntimo com ânus com 90 psi de pressão tem energia muito alta. Essa pressão causou esta catástrofe nos órgãos do Wesner”, descreveu Marco Antônio Araújo de Melo.
Nas considerações finais, em tom de pregação, o promotor José Arturo Iunes, apelou para Jesus e para a mãe da vítima como estratégia para persuadir o júri. “Reze, reze para aquele que nasceu na Rua 25 de Dezembro, para pegar um compressor de ar, para pegar uma mangueira de ar e purificar esse ar daqui deste plenário com justiça. É esse purificador de ar que a gente quer aqui neste plenário, dona Marisilva”, disse, referindo-se a Jesus Cristo, que nasceu no dia 25 de dezembro. Com informações do site Campo Grande News