Sob o comando do PT desde quando o governador Eduardo Riedel (PSDB) assumiu o cargo, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) é o principal alvo da “Operação Terra Nullius” deflagrada nesta quarta-feira (8) pela Polícia Federal contra esquema de grilagem de terras públicas da União no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Os dois principais cargos da autarquia — de diretor-presidente e de diretor-executivo — foram entregues ao PT como parte do acordo político com o PSDB, que garantiu apoio do partido à base do governador na Assembleia Legislativa.
O atual diretor-presidente Washington Willeman de Souza e o diretor-executivo Marcos Roberto Carvalho de Melo, conhecido como Betão, são servidores de carreira indicados por lideranças petistas.
Ambos tomaram posse em janeiro de 2023, com aval de nomes como do deputado estadual Zeca do PT e do deputado federal Vander Loubet, que participaram das negociações com o governo.
“Indicamos porque confiamos, são quadros técnicos, históricos da casa”, disse Zeca na época da nomeação. Por enquanto, apenas Betão figura como investigado pela PF na operação desta quinta-feira.
A investigação da Polícia Federal apura a atuação de uma rede de falsificação de documentos para titularizar ilegalmente terras da União no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
O esquema envolveria fazendeiros, empresários e servidores da Agraer, e teria resultado na emissão indevida de títulos e na comercialização de cotas de reserva ambiental.
Segundo a PF, parte das fraudes contava com a omissão deliberada da origem pública das terras, o que permitia que os processos tramitassem normalmente dentro da Agraer, mesmo o órgão sendo legalmente incompetente para atuar sobre essas áreas.
A sede da Agraer em Campo Grande foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta manhã. A operação também cumpriu ordens judiciais no condomínio de luxo Terraville e em imóveis ligados aos investigados.
Em nota lacônica, o governo estadual limitou-se a informar que “acompanha a operação” e que “tomará medidas cabíveis” conforme o avanço das investigações. Não há, até o momento, nenhum posicionamento público dos líderes petistas que articularam as indicações. Com infos CGNews