A proliferação da espécie invasora de javalis, que tem causado estragos nas plantações de milho em Mato Grosso do Sul, fez com que o Estado desse a autorização para que 11.122 CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) possam caçar e abater esses animais.
Os dados são do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que explicou que a espécie exótica, que não é natural da fauna brasileira, tem causado prejuízos aos produtores rurais sul-mato-grossenses.
Um levantamento realizado pela Embrapa, no município de Rio Brilhante em 2022, indicou perdas de até 30% em áreas plantadas com milho.
Conforme a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), em diversas regiões do Estado a passagem do javali causa prejuízos de cerca de 10% da produção de milho em propriedades afetadas pela invasão.
Os impactos também envolvem a pecuária, já que o animal revolve o solo, provocando erosão, degrada nascentes e compromete a recuperação de áreas produtivas.
O javali ainda representa risco sanitário para a cadeia da suinocultura, exigindo investimento redobrado dos produtores para evitar a presença do animal na propriedade.
Em levantamento realizado pelo Ibama em maio de 2025, verificou-se aumento de propriedades cadastradas no município de Bonito, onde a presença do javali coloca em risco o ecoturismo local. Foram cadastradas 883 propriedades no período de 2024 e 2025.
O secretário municipal de Meio Ambiente de Bonito, Thyago Sabino, explicou que o tema tem ganhado grandes proporções no município. No entanto, a efetividade no monitoramento para traçar causa dificuldades.
“Quanto à quantidade de animais, à área de ocupação e aos hábitos deles, as informações são obscuras, o que dificulta estratégias de combate. Em algumas localidades, o estrago feito por esses animais chega de 15 a 30% na produção local”, pontuou o secretário.
Diante do problema, o Conselho de Meio Ambiente de Bonito realizou a primeira reunião da câmara técnica na quinta-feira (28) com diversas instituições e o governo do Estado, em Campo Grande, para discutir políticas públicas.
“A ideia é analisar todas as questões: a legislação existente, o que precisamos operacionalizar enquanto Estado e como criar um plano de ação de longo prazo eficiente para minimizar os impactos do animal no meio ambiente”, frisou o secretário.
Em Costa Rica, um javali com 2,20 metros e aproximadamente 300 quilos foi abatido na última quinta-feira (21) por Aparecido Gonçalves de Souza, de 43 anos.
Dois dias antes, em Rio Brilhante, outro javali com cerca de 300 quilos foi abatido pelo empresário Vagner Alves dos Santos, de 33 anos, acompanhado do irmão.
O empresário campo-grandense Kellyo Benites, de 48 anos, que atua há seis anos como controlador populacional de javalis, destacou que os CACs têm sido fundamentais nesse controle.
“Haja vista que não há predador natural para estes animais, os CACs habilitados, treinados e legalmente registrados, com acesso a equipamentos adequados, permitem atuação ágil e eficaz na contenção da espécie invasora”, explicou Kellyo. Com informações do Correio do Estado