Com o crescente isolamento interno dentro do MDB de Mato Grosso do Sul, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e esposo, ex-secretário estadual da Casa Civil, Eduardo Rocha, emedebistas de carteirinha, estão cada vez mais próximos do PT, motivo pela qual são considerados indesejados dentro da própria legenda.
Um exemplo da aproximação de ambos ao partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi a participação do casal, ontem (24), no evento de entrega de 20 imóveis da União ao governo estadual, ao lado de outra ministra petista e de parlamentares da legenda no Estado.
A presença de Simone Tebet e Eduardo Rocha na cerimônia foi interpretada pelos emedebistas como um gesto político que vai além do simbolismo administrativo, uma vez que a presença conjunta, ambos em cargos e projetos políticos distintos, mas convergentes no campo federal, ocorre em um momento de redefinição de alianças dentro do MDB e de preparação para as eleições de 2026.
Na próxima segunda-feira (27), Walter Carneiro Júnior assumirá oficialmente o comando da Casa Civil no lugar de Eduardo Rocha, que deixa o cargo para se dedicar à pré-campanha a deputado estadual pelo MDB. “Eu quis sair antes para não contaminar a política do governo com a política eleitoral. Vou rodar os 79 municípios”, disse.
Sobre o futuro partidário, Rocha deixou claro que seguirá o caminho político traçado pelo governador Riedel, ainda que isso signifique deixar o MDB após três décadas de filiação. “O governador Riedel vai decidir o meu destino. Ele vai saber se eu fico no MDB, se eu vou para o PP, para o PSD ou para o Republicanos. Se fosse da minha vontade, eu ficaria no MDB. Estou no partido há 30 anos”, afirmou o ex-secretário.
A fala reforça o alinhamento com o governo estadual e a disposição de Rocha em acompanhar a orientação política de Riedel, hoje aliado direto do Palácio do Planalto em pautas de infraestrutura e investimentos, apesar de manter o PP em âmbito nacional no campo oposto ao do PT.
Enquanto o marido se prepara para a disputa estadual, Simone Tebet busca equilibrar sua relação com o MDB e o governo Lula. No início de outubro, ela negou rumores de que trocaria o MDB pelo PSB para concorrer ao Senado por São Paulo.
“Eu não vou para o PSB e nem pretendo trocar o meu domicílio eleitoral. Caso eu saia candidata a senadora em 2026, será pelo MDB e por Mato Grosso do Sul”, garantiu.
A ministra também destacou que tem aval da executiva nacional para disputar o Senado por seu Estado, e reafirmou que, em campanha, respeitará as diferentes alianças regionais do partido, evitando subir em palanques onde seu apoio a Lula possa criar desconforto.
No cenário local, parte da legenda, liderada pelo ex-governador André Puccinelli, resiste à aproximação com o PT e critica a “postura lulista” de Tebet dentro do governo federal.
O casal Simone e Rocha defende uma posição pragmática, argumentando que o partido deve manter a autonomia estadual — como já ocorreu em 2014, quando, mesmo com Michel Temer na vice de Dilma Rousseff, o MDB de Mato Grosso do Sul apoiou Geraldo Alckmin (PSDB).
