O CEO da CCR, Miguel Setas, concessionária que controla a CCR MSVia responsável por explorar o serviço de pedágio da BR-163, informou que a empresa pretende eliminar o pagamento em dinheiro vivo dos pedágios até 2026. A medida será possível após a revolução tecnológica que deve acontecer nos próximos anos, com coberturas 5G nas estradas e a facilidade de ter mais operações digitais.
De acordo com ele, a CCR MSVia tem o objetivo de chegar a 2026 sem nenhum dinheiro nas praças de pedágios e ter apenas cobrança com meios digitais, free flow e as outras ferramentas digitais. Nesse modelo, a cobrança é feita pela leitura automática de placas ou tags, sem que os motoristas precisem parar em cabines. A tecnologia abre caminho para que a cobrança seja feita por distância percorrida por cada veículo.
O executivo participou de painel sobre concessões de infraestrutura, ao lado do ministro dos Transportes, Renan Filho. Também estava no evento o CEO da Ecorodovias, Marcello Guidotti, que disse que 80% da receita da companhia hoje já é obtida de forma eletrônica, sendo 70% com cobrança em tags e 10% em cartões.
Segundo ele, essa dinâmica vai transformar o sistema de rodovias, inclusive porque hoje os contratos já colocam obrigações nesse sentido desde o começo. Em Mato Grosso do Sul, a CCR MSVia administra 845 quilômetros desde 2014 e, apesar de a concessão ter 30 anos de duração, a empresa não conseguiu cumprir os encargos estabelecidos no contrato e, há cinco anos, chegou a pedir a devolução amigável do trecho.
Quando assumiu a rodovia, a previsão era de que toda a estrada fosse duplicada em dez anos. Depois de 2016, porém, os créditos que o governo federal se comprometeu a liberar via Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não foram liberados, a concessionária reduziu os investimentos, e não cumpriu as metas estabelecidas em contrato.
No segundo semestre de 2023, a continuidade da concessão da CCR e as exigências para a BR-163 foram tema de uma série de debates, audiências públicas e reuniões com o Ministério dos Transportes. Por fim, foi decidido que um novo contrato seria assinado em abril de 2024.
A previsão é maior do que a esperada pelo governo do Estado, que acreditava que ainda em 2023 atualização do acordo seria assinada e que os investimentos já começariam a ser utilizados em janeiro de 2024. A demora se deve à falta de aprovação do Tribunal de Contas da União, já que o ministro da Corte de Contas ainda não deu seguimento.
Assim que aprovado, serão iniciadas as discussões técnicas, para enfim realizarem a assinatura do termo aditivo. O novo contrato prevê R$ 12 bilhões de investimentos na rodovia federal que corta Mato Grosso do Sul de norte a sul, saindo de Sonora, na divisa com Mato Grosso, até Mundo Novo, na fronteira com o Paraná.
Esses recursos serão investidos ao longo de 35 anos de contrato. A CCR MSVia teria mais 20 anos com a BR-163, porém, com esse novo acordo, o prazo será estendido por mais 15 anos. Nos primeiros três anos contratuais, haverá investimento de boa parte do total de recursos destinados. De acordo com Santoro, serão R$ 2,5 bilhões investidos nesse período.