O clima esquentou durante à tarde de hoje (16-06) em oitiva na CPI do Transporte da Câmara Municipal de Campo Grande. O ex-diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, admitiu que 97 ônibus da frota atual estão com prazo de validade contratual vencido e terminou suas explicações com lágrimas.
As perguntas foram feitas pelo vereador Ademar Vieira, o Junior Coringa (MDB), que buscava entender os motivos para a não substituição dos veículos.
O ex-diretor apontou para a Prefeitura de Campo Grande, “O consórcio não vai comprar ônibus enquanto a prefeitura não cumprir com os valores que estão atrasados. Isso já acontece há anos”, afirmou. que desde 2013 a história se repete.
João também citou a ausência de reequilíbrio econômico-financeiro, previsto para o sétimo ano da concessão. “Está no laudo pericial feito a pedido do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Nós temos crédito. O que não temos é dinheiro para pagar. E não vamos comprar ônibus e dar um golpe na cidade. Temos responsabilidade”, disse.
Ao final, Coringa insistiu para que João revelasse o valor da dívida da prefeitura com o consórcio, mas ele não soube informar. “Está sendo calculado pela administração municipal”, justificou.
Emoção – O vereador Wilson Lands (Avante), que não faz parte da Comissão mas pediu oportunidade de fala, perguntou o que poderia ser feito para melhorias no diálogo entre a prefeitura e o consórcio. Foi nesse momento que João Rezende ficou emocionado e chorou copiosamente, sendo consolado pelo filho, que assistia na plateia, e pelo advogado que o acompanhava. Os vereadores tentaram acalmar os ânimos.
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“O cumprimento da renovação da frota vai acontecer, de um jeito ou de outro. Seja por parte do consórcio ou da prefeitura. A população de Campo Grande não vai continuar refém de um serviço precarizado”, afirmou.
Para ele, a oitiva evidenciou que há responsabilidades compartilhadas. “O consórcio acusa a prefeitura de não cumprir o contrato e cobra judicialmente. A prefeitura, por sua vez, aponta a precarização do serviço. Estamos avaliando os dois lados.”
Lívio classificou a audiência como importante, por ouvir um dos principais nomes da operação do transporte coletivo. “João Rezende esteve à frente do consórcio desde 2012 até janeiro de 2025. Ele é uma memória viva desse contrato.”
O presidente da CPI vereador Lívio Leite (União Brasil) Defendeu a revisão da concessão. “Esse contrato foi sendo degenerado ao longo do tempo. A prefeitura precisa encarar o transporte coletivo como política pública, assim como saúde, educação e segurança.”
Conforme laudo pericial do Ibec Brasil, anexado a processo que tramita na 1ª Vara de Fazenda Pública do TJMS, a Prefeitura de Campo Grande teria deixado de repassar cerca de R$ 377 milhões ao Consórcio Guaicurus nos últimos 13 anos.
“Estamos diante de um problema gigantesco, que vem se avolumando, precisamos que a sociedade tenha essa informação e que não fique dúvidas que é direito do cidadão ter um transporte digno. Já deveria ter os corredores, a frota faria viagens mais rápidas, mas as obras estão paradas. Essa CPI vai fazer história e vamos salvar o transporte coletivo de Campo Grande”, finalizou João Rezende. Com infos CGNews