Na última semana, conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul registrou mais de 2 mil novos casos confirmados de dengue e, com isso, o número total deste ano já soma 23.245. Na prática, esse número já é maior do que o registrado durante todo o ano passado, quando foram 21.328 infectados pelo vírus do mosquito Aedes aegypti.
O número de casos prováveis também aumentou para 41.633 até o momento, enquanto em 2022 foram registrados 26.548 possíveis infectados durante todo o ano. No entanto, o número de óbitos se manteve em relação à última semana, são 22 mortes confirmadas e 16 em investigação.
Na lista de cidades com mais casos já confirmados de dengue, Campo Grande alcançou a marca de 6.710, sendo 694 novos casos em sete dias. Três Lagoas é a segunda cidade de MS com mais pessoas que já contraíram a doença ao menos uma vez neste ano, sendo 3.487, aumento de 273 casos no período. Em terceiro lugar está Bela Vista, com 816 casos, dezesseis a mais do que há uma semana.
O número de cidades com alta incidência de casos se manteve, 71 municípios fazem parte da classificação, que é quando são registrados mais de 300 casos suspeitos de dengue dentro de cada grupo composto por 100 mil habitantes. Outras oito estão com a média incidência (eram sete até a última semana), quando existem de 100 a 300 casos para cada 100 mil habitantes. Nenhuma apareceu com baixa incidência.
Em março deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) emitiu uma nota técnica para alertar a população campo-grandense sobre uma nova epidemia de dengue no município. O comunicado teve como objetivo apoiar na divulgação rápida e eficaz de conhecimentos às populações, parceiros e partes intervenientes, possibilitando o acesso às informações fidedignas que possam apoiar nos diálogos para tomada de medidas de proteção e controle em situações de emergência em saúde pública.
O Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) foi acionado pelo aumento de 20% nos atendimentos com sintomatologia de dengue na rede de urgência de Campo Grande, assim como o aumento das notificações ultrapassam o limite epidêmico. O Governo do Estado havia anunciado no início de abril, o pacote de R$ 13 milhões para auxiliar os 79 municípios dentro do Programa Estadual de Enfrentamento às Arboviroses. O recurso também contempla o enfrentamento às doenças respiratórias.
Em nível nacional, neste ano, até o fim de abril, houve aumento de 30% no número de casos prováveis de dengue em comparação com o mesmo período de 2022 em todo Brasil. As ocorrências passaram de 690,8 mil casos, no ano passado, para 899,5 mil neste ano, com 333 óbitos confirmados.
Fatores como a variação climática e aumento das chuvas no período em todo o país, o grande número de pessoas suscetíveis às doenças e a mudança na circulação de sorotipos do vírus são fatores que podem ter contribuído para esse crescimento. Os estados com maior incidência de dengue são: Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Acre e Rondônia.
Na última quarta-feira (10), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou o ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil, que há mais de 15 anos não causa epidemias no país. A pesquisa realizada pelo Instituto apresentou quatro casos da infecção registrados este ano, em Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul do país. A circulação de um sorotipo há tanto tempo ausente preocupa os especialistas.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente. O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram o vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.