Mensagens trocadas pelo WhatsApp entre Stephanie de Jesus da Silva, mãe de Sophia Jesus Ocampos, que morreu aos 2 anos de idade após sofrer maus-tratos e abusos sexuais do padrasto Christian Leitheim, e o pai biológico da menina, Jean Carlos Ocampo, revelam que a mulher tentava justificar os diversos machucados e a fratura no corpo da filha.
Segundo o site Midiamax, as mensagens foram trocadas no dia 31 de dezembro do ano passado, quando Jean Carlos Ocampo enviou uma foto da filha com hematoma e questionou Stephanie de Jesus sobre os ferimentos, quando ela tenta justificar, dizendo que a criança sempre cai e em seguida se defende.
“Eu não sei o que você acha que eu faço com ela. Parece que você acha que eu judio dela, não é possível. Vou começar a mandar fotos dos roxos que ela volta também. Como se eu fosse judiar dela, nunca ia deixar alguém, ou eu mesmo eu judiar dela”, afirmou.
Em novembro de 2022, em outro episódio de suspeita de agressão, quando Sophia Ocampo teve a perna engessada, o pai faz uma denúncia a próprio punho na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Na ficha de triagem, Jean Carlos Ocampo conta que, por diversas vezes, ao buscar a filha, encontra a menina com roxos no corpo.
Ela também diz que a mãe sustenta que os hematomas são consequências de quedas durante brincadeiras. Também destacou que a filha estava com a perna engessada e que a mãe teria dito que a fratura ocorreu durante uma queda no banheiro. No final da denúncia, ele ressalta que quer saber o que realmente aconteceu.
Em outra conversa no WhatsApp, no dia 31 de dezembro, Jean Carlos Ocampo questiona novamente a mãe depois de enviar diversas fotos da menina machucada. “O que está acontecendo?”, perguntou. Em resposta, a mãe da menininha apresenta justificativas para os machucados.
“O da perna eu disse para você que foi do carrinho que ela caiu e bateu naquele ferro da frente”, alega. O texto continua com explicações sobre outros pequenos machucados. Durante a conversa, a mãe garante que a filha estava bem cuidada. “Ninguém tá judiando dela, pode ficar tranquilo”, assegura.
A menina, que já passou por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.
Mãe e padrasto são apontados, nas investigações, como responsáveis pela morte da criança. Uma nova denúncia feita pelo MPMS (Ministério Público Estadual), em setembro deste ano, diz que o padrasto e mãe, que estão presos, responderão por tortura, além dos crimes de homicídio, omissão de socorro (no caso da mãe) e estupro. Nesta quinta-feira (27), às 16 horas, será realizada uma audiência na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Na ocasião, está prevista oitiva de uma testemunha de defesa faltante, além do interrogatório dos dois réus.