O juiz Aluísio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, aceitou pedido de Christian Campoçano Leitheim, padrasto de Sophia Jesus Ocampos, que morreu aos 2 anos de idade após maus-tratos e abusos sexuais praticados por ele com conivência da mãe dela, Stephanie de Jesus da Silva, para que seja ouvido novamente pela Justiça.
Pablo Arthur Buarque Gusmão, um dos advogados, que defende Christian Leitheim, explicou que o casal – que se manteve calado até o momento – aguardava a perícia realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para que pudessem comentar o caso.
“Como havia pendência da perícia, nós e a defesa da Stéphanie, orientamos a permanecer em silêncio porque não tínhamos todo o teor da prova documental no processo. Pedimos ao magistrado para que fossem ouvidos após a juntada de todas as provas documentais e o juiz, agora, decidiu oportunizar as defesas e réus para falarem em juízo”, afirmou.
Conforme o advogado, o relatório da perícia realizada pelo Gaeco era o documento que faltava ser juntado ao processo. “Agora não tem mais prova documental a ser produzida”, observa. O novo depoimento está agendado para às 15 horas, do dia 5 de dezembro e a decisão do magistrado será publicada.
A Perícia foi realizada em setembro, depois que Christian cedeu à Justiça a senha do celular para que equipe especializada do Gaeco pudesse desbloquear o aparelho, e assim, recuperar as mensagens trocadas pelo casal. No início das investigações, o réu havia negado a senha de acesso ao celular.
A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.
Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”. Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.
A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos. A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.
“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita