Caso Sophia: após quase 11 meses, juiz agenda para março de 2024 júri popular de mãe e padrasto

Passados quase 11 meses da morte da menina Sophia Ocampos, 2 anos, por maus-tratos e abusos sexuais praticados por padrasto Christian Campoçano Leitheim, 26 anos, com a conivência da mãe, Stéphanie de Jesus da Silva, 25 anos, o juiz Aluísio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, marcou para o dia 8 de março de 2024 o julgamento do casal por meio de júri popular.

 

O magistrado pediu ainda que as os dias 13 e 14 também fiquem reservados, devido à complexidade do crime e por não estar definida a quantidade de testemunhas que irão depor. Na última terça-feira (5), o casal falou pela primeira vez sobre o caso, sendo que tanto Stéphanie da Silva, quanto Christian Leitheim negaram autoria dos crimes e culparam um ao outro pela morte da criança.

 

A mãe foi a primeira a depor e, questionada pela promotoria de Justiça, afirmou que o marido foi quem matou Sophia Ocampos. “Sim, ele matou”, confirmou. Na vez de Christian Leitheim depor, ele disse que a mulher o acusou para se esquivar. “O que eu vejo é ela me acusando para que não caia sobre ela”, respondeu.

 

A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

 

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”. Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

 

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia Ocampos pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos.

 

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

 

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.