Ao participar ontem (08) de audiência para ouvir as testemunhas de acusação pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, o auxiliar de pedreiro Marcos André Vilalba de Carvalho, 21 anos, assassino confesso da jovem Carla Santana Magalhães, de 25 anos, demonstrou sinais claros de psicopatia.
Nas quase cinco horas de depoimentos, ele manteve a mesma posição e um olhar fixo na tela do computador, já que os depoimentos foram colhidos por meio de videoconferência devido à pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19), sem demonstrar qualquer tipo de emoção com o que as oito testemunhas de acusação falavam.
Preso desde 14 de julho deste ano, Marcos André de Carvalho voltará, ainda sem data marcada, para uma nova audiência perante o juiz, quando serão ouvidos os depoimentos em favor dele. No entanto, como não houve apresentação de defesa preliminar, o juiz Aluízio Pereira dos Santos deu cinco dias para que a advogada Michelli Francisco apresente o rol de testemunhas.
O delegado Carlos Delano, responsável pelo inquérito da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), relatou que no último interrogatório o criminoso admitiu ter guardado mágoa da vítima. Na audiência, a postura do assassino confesso coincide com o comportamento arredio atribuído a ele desde que foi descoberto como o responsável pelo assassinato ocorrido na noite de 30 de junho.
Marcos André de Carvalho assistiu aos depoimentos na sala de audiências do IPCG, onde cumpre prisão preventiva. De máscara por causa do risco de contrair o novo coronavírus, ele presenciou todos os testemunhos, incluindo os relatos detalhados do crime, como por exemplo a forma como ele fez um corte profundo no pescoço da vítima.
Usou uma faca de 30 centímetros de lâmina, como consta do processo. Também violou o cadáver sexualmente, detalha relembrado na audiência desta tarde. Quando o juiz deu prazo à advogada para apresentar defesa e indagou – repetindo o nome dele mais de uma vez- se o réu havia acompanhado os depoimentos, o rapaz permaneceu sem reação. Foi a advogada quem confirmou isso.
Na audiência, das oito testemunhas elencadas pelo promotor de Justiça Douglas Oldegardo dos Santos seis são familiares e amigos da vítima, uma o empreiteiro que dava emprego a Marcos André de Carvalho e que era uma espécie de apoio dele em Campo Grande, desde a vinda de Bela Vista (MS), onde nasceu e cresceu, e o delegado.
Na voz das pessoas mais próximas, Carla Santana foi definida com palavras muito semelhantes e o esperado tom de incredulidade com o que aconteceu.
“Era uma menina feliz, que gostava de tirar foto e dançar”, contou a melhor amiga, com quem Carla esteve minutos antes de ser atacada. A jovem, vizinha da família, relembrou que as duas tinham ido a um petshop naquele dia e, mais tarde, a vítima a chamou para ir ao mercado, comprar café.
Na volta, segundo a jovem, ainda ficaram conversando um pouco na casa da amiga e até “dançando”. Na despedida, ainda esperou Carla “atravessar” o asfalto e seguir para a rua de terra onde morava com a família. “Foi o tempo de eu pegar a tolha para tomar banho e a mãe dela chegar aqui gritando que a Carla havia sido roubada”.
Na calçada da casa da amiga, ficaram, segundo o testemunho, “a bolsa, rasteirinha, um cadeado, e o café”. A mãe de Carla, Evanir, também foi ouvida hoje. Foi ela a última pessoa a ouvir a voz da jovem entre os familiares. “Ela gritou muito”, resumiu, em um depoimento relativamente curto, no qual pareceu ter sido poupada da dor do detalhamento. Com informações do site Campo Grande News