Com a libertação do ex-governador André Puccinelli nesta quarta-feira (19) por meio do habeas corpus concedido pela ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), apenas os “operadores dos esquemas” que resultaram na Operação Lama Asfáltica, o ex-deputado federal Edson Giroto e o poderoso empresário João Amorim, devem passar o Natal atrás das grades.
A penalização somente deles em detrimento as do chefão – André Puccinelli – e do chefinho – André Puccinelli Júnior – pode trazer consequências futuras para o capo italiano. Afinal, como todos sabem, Jesus Cristo só tem um e Giroto e Amorim estão bem longe disso para se sacrificarem pelos outros – leia-se André Puccinelli e o filho.
Então, a possibilidade de surgir uma delação premiada nas próximas horas é muito grande, pois, ninguém quer fazer a ceia de Natal dentro de uma cela se pode fazer na sua luxuosa mansão regada a bebidas e comidas importadas.
O primeiro sinal dessa possível traição de Judas, ou melhor, de Giroto e Amorim é que a defesa do ex-secretário estadual de Obras de Mato Grosso do Sul e de outros réus da Operação Lama Asfáltica alegou, nesta quarta-feira (19), a “desproporcionalidade” ao STF (Supremo Tribunal Federal) em manter os investigados presos mesmo após a soltura do ex-governador André Puccinelli e o filho, o advogado André Puccinelli Júnior.
Em uma petição urgente, impetrada às 16h58 (horário de Brasília) ao relator, ministro Alexandre de Moraes, a defesa alegou que a ministra Laurita Vaz determinou a soltura dos dois réus no RHC 104519/SP, que foram presos depois dos investigados neste processo, pedindo a liberdade de todos de ofício ou o deferimento da medida liminar.
Além de Giroto e Amorim, também estão presos Rachel Jesus Portela Giroto, Flávio Henrique Garcia Scrocchio, Wilson Roberto Mariano de Oliveira e Mariane Mariano de Oliveira Dornellas – as mulheres estão em prisão domiciliar.
André e filho livres
O ex-governador André Puccinelli (MDB) e o filho dele, André Puccinelli Junior, deixaram o Centro de Triagem de Campo Grande no fim da tarde de quarta-feira (19). A soltura é reflexo de habeas corpus concedido pela ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), no início da tarde do mesmo dia.
Ao deixar a prisão por volta das 18h30 de quarta-feira, Puccinelli, com semblante sério, não esboçou qualquer tipo de reação aos jornalistas que acompanharam a saída. Ele e o filho entraram juntos em um veículo e deixaram o Centro de Triagem.
A decisão de libertar o ex-governador e o filho é da ministra Laurita Vaz, que em outubro já tinha concedido habeas corpus ao advogado João Paulo Calves, também preso em julho junto de Puccinelli e filho.
A íntegra da decisão da ministra deve ser publicada apenas em 1º de fevereiro de 2019, quando encerra o recesso do judiciário, marcado para iniciar nesta quinta-feira (20).
Prisão
Em 23 de novembro, a defesa de Puccinelli e filho pediu para que o STJ desse prioridade no julgamento do habeas corpus exatamente em razão do recesso do judiciário. Caso o pedido não fosse julgado até sexta-feira (21), o ex-governador e o filho permaneceriam na cadeia ao menos até fevereiro de 2019.
André, seu filho e João Paulo Calves foram presos pela Polícia Federal no dia 20 de julho, no âmbito da Operação Papiros de Lama, desdobramento da Operação Lama Asfáltica, que apura suposta lavagem de dinheiro por meio do Instituto Ícone, de propriedade de João Paulo Calves, apontado como ‘laranja’ de Puccinelli Júnior.