A Caixa Econômica Federal repatriou US$ 11,9 milhões do doleiro Dario Messer que estavam em uma conta nas Bahamas, sendo que essa é a primeira repatriação de bens de Messer que estão no exterior. A instituição financeira informou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que recebeu uma ordem de pagamento do exterior em nome de Dario Messer para depósito em uma conta judicial.
Segundo a Caixa, para que os dólares sejam convertidos em reais, é necessária uma ordem judicial nesse sentido. Em julho de 2019, quando Messer, conhecido como “doleiro dos doleiros”, foi preso no apartamento da namorada em São Paulo (SP), os investigadores acharam um documento relativo a essa conta e, em cooperação internacional, descobriram que a conta ficava nas Bahamas.
O dinheiro estava no Banco Deltec, em Nassau. Segundo a força-tarefa da Lava Jato no Rio, a colaboração premiada de Messer facilitou a repatriação. Isso porque, sem a assinatura do acordo de delação, o dinheiro ficaria bloqueado nas Bahamas até condenação definitiva do doleiro. Em agosto deste ano, Messer foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão num processo em primeira instância. É a única condenação dele até agora. Messer ainda é reu em outras ações penais decorrentes da Lava Jato.
A única condenação de Messer até o momento é relativa a operação Marakata, que foi realizada em setembro de 2018, e prendeu 5 pessoas de forma preventiva. Segundo as investigações, a empresa Comércio de Pedras O. S. Ledo usou os serviços de Messer para enviar ilegalmente 44 milhões de dólares ao exterior, entre 2011 e 2017.
O Ministério Público Federal (MPF) apontou que os doleiros Juca Bala e Tony, que trabalhavam na mesa de câmbio de Dario Messer no Uruguai, abriram contas no Panamá para receber pagamentos da empresa, que vendia esmeraldas e pedras preciosas para empresários indianos. As pedras eram extraídas de minas de Campo Formoso, na Bahia.
Segundo a denúncia, os dólares ocultos no exterior eram trazidos para Brasil, mas não eram declarados. O MPF ainda diz que o dinheiro era utilizado para pagar garimpeiros e atravessadores com os quais a empresa negociava as pedras. As investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro apontam que o esquema de câmbio paralelo – chefiado por Messer – movimentou US$ 1,6 bilhão em operações ilegais de câmbio em 52 países.