Caçadores já teriam matando seis onças no Pantanal para vender fora do Brasil

A onça-pintada, animal considerado como vulnerável para a extinção no Brasil e que tem maior densidade populacional no mundo registrada no Pantanal e na Amazônia, enfrenta o risco de ser caçada e, conforme investigação da Polícia Federal, essas mortes podem estar ligadas a um comércio ilegal para o exterior.

 

De 2016 até agosto de 2023, seis animais já foram mortos no Pantanal devido à caça, identificou o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), com o programa Felinos Pantaneiros. Essa estatística foi feita com base em acompanhamento técnico de integrantes do IHP para dar apoio à Polícia Militar Ambiental (PMA) e a Polícia Federal. O caso mais recente ocorreu em março deste ano e o animal encontrado estava sem a cabeça.

 

A investigação da Polícia Federal de Corumbá apontou que a cabeça teria sido comercializada no exterior, enquanto o corpo foi jogado no rio Paraguai-mirim, que fica a cerca de 200 km de Corumbá, rio Paraguai acima. Por conta dessa apuração, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Corumbá e na região do rio Paraguai-mirim nesta quinta-feira (3), sendo que uma pessoa acabou presa por porte ilegal de arma de fogo. As investigações ainda vão avançar para identificar mais detalhes sobre essa caça.

 

As presas de uma onça-pintada podem ser comercializadas no exterior por até US$ 5 mil, quando chegam no mercado chinês. Além do Pantanal, em Mato Grosso do Sul, a caça às onças-pintadas é apurada na Bolívia, onde houve também registros de morte desses animais. Neste ano, em abril, um animal foi encontrado morto na região de Santa Rosa de Yacuma, que fica na província de Beni. Em um município próximo, chamado Riberalta, a Polícia Florestal identificou a venda de dentes de onças-pintadas.

 

Ainda não existe uma conexão direta identificada pelas autoridades que criminosos que agiram na Bolívia poderiam ter agido no Pantanal para a caça desses animais. Conforme o IHP, são seis casos de mortes de onças-pintadas confirmadas no território pantaneiro entre 2016 e este ano. Em 3 casos, foi encontrado o projétil no corpo do animal após a necrópsia.

 

Em 2 casos, houve indícios de perfuração de bala, porém o projétil não foi encontrado. Em 1 caso, conforme imagens do corpo do animal, a cabeça foi retirada e não há na literatura científica registro de um animal selvagem que mate o outro e realize esse tipo de procedimento, descartando integralmente o corpo. A localização de um projétil no corpo de um animal representa a prova pericial de abate por caça.

 

Além desses felinos mortos, outros casos foram registrados de animais que conseguiram escapar dos caçadores. As onças-pintadas Joujou e Tiago, capturadas na região da Serra do Amolar (Corumbá-MS) em 2020 por conta dos incêndios daquele ano, tinham projétil de chumbo no corpo, porém elas sobreviveram com relação à prática de caça.