O site UOL publicou, nesta quarta-feira (22), reportagem sobre a procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, 39 anos, que foi agredida com socos e chutes pelo colega Demétrius Oliveira Macedo, 34 anos, dentro do ambiente de trabalho de ambos na Prefeitura Municipal de Registro, no interior do Estado de São Paulo.
A Justiça decretou a prisão do agressor.
À reportagem, ela afirmou que tinha medo do colega, que já tinha um “comportamento totalmente antissocial” há pelo menos três anos e hostilizava outras funcionárias mulheres. O homem apareceu em um vídeo gravado por outra funcionária desferindo vários socos e chutes em Gabriela, que é sua chefe na repartição pública.
“Eu tinha medo [dele], mas não imaginava uma violência física. Eu imaginava que fosse um bate-boca, mas não uma agressão”, afirmou Gabriela. “Foi exposta a minha dignidade, né, como mulher. Fui desrespeitada como servidora pública, foi um desrespeito global da minha personalidade”, revelou a vítima.
Ainda com marcas da agressão no rosto, ela explicou que Demétrius se enfureceu depois que ela foi listada como membro de uma comissão que investigaria uma conduta inadequada dele contra outra colega.
“Ele tinha um comportamento totalmente antissocial, não falava com ninguém, não cumprimentava, não tinha um mínimo de urbanidade. Já havia brigado e hostilizado outras funcionárias e me expulsado da sala dele”, detalhou a procuradora-geral.
As agressões do procurador contra Gabriela aconteceram na segunda-feira (20), quando já se preparava para ir embora da repartição. Ela parou na mesa de sua assistente, por volta das 16h50, mesmo instante em que Demétrius se levantou de sua mesa e caminhou em direção à colega, querendo tirar satisfação sobre sua participação no processo administrativo contra ele.
Após dar um soco no rosto da colega de trabalho e ela cair no chão, o homem passa a chutá-la e bater em sua cabeça. Uma funcionária tenta segurar o homem e também é empurrada por ele. Em seguida, outra servidora pública entra na sala e arrasta a vítima na tentativa de tirá-la do local. Além das agressões, o procurador xinga a chefe várias vezes.
Dois dias depois do caso, a profissional afirma que pretende entrar com um processo cível contra o agressor, além da investigação já aberta na Polícia Civil, para mostrar a Demétrius “que há limites” e “que as mulheres não podem ficar caladas” diante de casos de agressão.
“O juiz na sentença criminal pode fixar valor de indenização, mas pretendo entrar com processo cível, nem que seja para doar depois. Ele tem que saber que há limites e as mulheres não podem ficar caladas diante de tamanho desrespeito”, justificou a procuradora.
“Ele veio com tudo para cima de mim, deu uma cotovelada na minha cabeça, e eu fui arremessada na parede. Então ele começou a socar minha cabeça, e os funcionários ficaram em choque. Um ainda conseguiu gravar parte da surra que ele me deu. Ele me chutou inteira, eu fiquei desfalecida e, quando estava levantando, ele me deu outra. Ainda me chamou de tudo, de puta e vagabunda”, acrescentou a vítima.
Para fugir do colega, Gabriela precisou ser levada para outra sala, que teve a porta trancada. Ela teve ferimentos no rosto e passou por atendimento médico, que constatou um corte na cabeça. O boletim de ocorrência e o exame de corpo de delito foram feitos ontem, já que policiais consideraram que a procuradora não estava em condições de prestar depoimento logo após a agressão.
Em nota, a Prefeitura de Registro informou que afastou Demétrius por 30 dias, sem direito a remuneração. A suspensão dele foi publicada no Diário Oficial do Município. “A Prefeitura de Registro manifesta o mais absoluto e profundo repúdio aos brutais atos de violência realizados pelo Procurador Municipal contra a servidora municipal mulher que exerce a função de Procuradora Geral do Município, fatos ocorridos na última segunda-feira. Que a vítima e sua família recebam toda nossa solidariedade, apoio e cada palavra de conforto e acolhimento”, afirmou a administração pública.
A OAB de Registro também se manifestou sobre o caso e repudiou a agressão sofrida por Gabriela. A entidade afirma que vai acompanhar o desenrolar do inquérito policial, além de representar contra o agressor em sua Comissão de Ética e Disciplina por conduta indigna com a advocacia. O procurador e a vítima são concursados e trabalhavam juntos desde 2013.