Progressista em Mato Grosso do Sul, Alcides Bernal, usou um grupo no WhatsApp para xingar, ofender e ameaçar os correligionários do partido. Os principais ofendidos foram os vereadores e deputados da sigla e o caso tomou tanta proporção que o vereador Valdir Gomes registrou um boletim de ocorrência contra o ex-prefeito por ameaça.
As imagens divulgadas pelo jornal Correio do Estado mostram as mensagens de Bernal aos filiados dizendo que eles são “oportunistas e mentiroso”. “Só fez firula e criou problemas. Olha. Chau [sic!] seus ingratos, mal agradecidos, bando de oportunistas, aproveitadores. Chau [sic!]. E não apareçam na minha frente, por favor, não me responsabilizo pelas minhas atitudes. Apoiaram adversários BV [sem experiência] em todas as campanhas, seus m**”, diz parte de uma das mensagens que Bernal enviou no grupo.
Em outros momentos da conversa, o ex-prefeito pede que eles não cruzem seu caminho. “Quero que saiam do partido e não quero ver a cara de vocês, seus traidores”. Os problemas entre o atual presidente do partido e os demais filiados não são novidades de agora. O próprio vereador Valdir Gomes criticou diversas vezes a maneira como Bernal administra a sigla.
Uma reunião de urgência chegou a ser feita no gabinete do deputado estadual Evander Vendramini, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS), com o vereador Cazuza, o vice-presidente do PP regional, Ulisses Duarte, e o ex-secretário de Saúde de Campo Grande e ex-candidato a deputado estadual Ivandro Fonseca.
Boletim de ocorrência
Alegando sofrer pressão e até ameaças para deixar o partido, o vereador registrou um boletim de ocorrência contra o ex-prefeito na tarde deste domingo (12). Ele, que estava acompanhado do deputado estadual Jamilson Name (PDT), também relata ser vítima de homofobia praticada pelo dirigente.
Valdir já havia anunciado estar de malas prontas para deixar o PP assim que fosse aberta a janela partidária. A sigla vive uma crise nos bastidores, evidenciada por reuniões internas entre lideranças que pedem rumo ao presidente regional.
Parlamentares, inclusive, levaram a questão – que, temem, custar caro à agremiação nas urnas em 2020 – à executiva nacional do PP. Descontrolado, conta o vereador, Bernal teria exigido, além dele, a saída imediata do deputado estadual Evander Vendramini.
“Ele [Bernal] comprou uma briga que não tinha que ter comprado. Eu tenho família, não vou deixar isso acontecer. Ele está louco e lugar de louco é no sanatório”, declarou ao site Midiamax. Durante o fim de semana, de acordo com Valdir, o ex-prefeito teria ofendido inúmeras lideranças. “[Bernal] xingou todos os vereadores”, narra.
Cortejado também pelo PSDB, Valdir conta que ainda não tomou uma decisão, mas, depois desse novo impasse com Bernal. Garante que, a princípio, deve permanecer, ao menos até que o TRE-MS se pronuncie. Ele afirma que um dos motivos para o desgaste com o presidente regional da sigla seria sua proximidade com o prefeito Marquinhos Trad.
“Eu não vou sair, ele [Bernal] não me deu um centavo do partido para me eleger. Se eu tiver que sair, vou perder nas urnas e vou embora para casa. Se a população me mandar embora, eu vou, mas por ele não”, promete. Além de Valdir, sua correligionária Dharleng Campos também está de malas prontas e pode desfalcar ainda mais o partido de Bernal na Câmara Municipal de Campo Grande.
“Nós não estamos participando das decisões e isso já faz muito tempo. Nós não somos chamados para conversar, para participar das decisões que são tomadas dentro do partido. Isso infelizmente não acontece”, se queixa Dharleng. “Há uma crise. Está bem claro que existe”.
Em março, grupo de lideranças da sigla se reuniram na Assembleia Legislativa para cobrar uma posição de Bernal sobre a organização da legenda para 2020, onde demonstraram com clareza insatisfação com a direção estadual. Em meio à crise, Bernal conversou com Evander Vendramini e com Gerson Claro e garantiu que não iria “se ajoelhar para vereador”.