A nova fase da “Operação Omertà”, criada para investigar grupo de extermínio em Mato Grosso do Sul, foi deflagrada ontem (17) em Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde e Rio Negro, no Estado, e em João Pessoa, na Paraíba, após apreensão de um bilhete escrito em um pedaço de papel higiênico por um detento do Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de planejarem atentados contra a vida de autoridades envolvidas nas investigações.
Segundo anota divulgada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o responsável pelas anotações ficava entre as celas de Jamil Name, 83 anos, e Jamil Name Filho, 42 anos, e anotava todas as conversar que ouvia entre eles e dois advogados, identificados como David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva, ex-delegado de Polícia Civil. Eram os advogados, segundo a investigação, que comunicavam pessoalmente as ordens relativas ao plano de atentado as pessoas identificadas nas anotações.
O “relatório” do preso aponta que as ordens de execução eram destinadas a dois promotores do Gaeco e ao delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), Fábio Peró, e sua família. Baseada nas anotações, a Polícia acredita que os líderes da organização pagaram para o ex-guarda municipal Marcelo Rios assumir as mortes atribuídas a eles. O pedaço de papel higiênico acabou apreendido pelos agentes penitenciários e foi repassado ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional), que avisou o Gaeco sobre as possíveis ameaças.
Jamil Name e Jamilzinho estão na ala destinada a presos reclusos em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) do presídio de Mossoró, assim como o guarda Marcelo Rios e os policiais Vladenilson Omedo, o “Vlad”, e Márcio Cavalcanti da Silva. Agora documento da investigação, o papel com as anotações foi anexado à medida investigatória em que foram autorizadas as buscas feitas ontem pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal.
Entre os alvos das ações da Polícia estavam os dois advogados citados na nota, David Moura de Olindo e Adailton Raulino Vicente da Silva – um com escritório em Sidrolândia e outro em João Pessoa – e o conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul), Jerson Domingos, que acabou levado detido por conta de uma arma sem registro encontrado em seu apartamento, mas foi liberado mais tarde sem necessidade de pagamento de fiança.
Os policiais também estiveram no apartamento de Tereza Name, mulher de Jamil Name, mas, conforme o advogado criminalista Renê Siufi, o mandado estava no nome da namorada de “Jamilzinho”, que não mora mais no local. Outros endereços ligados a família também foram alvos de busca e apreensão. Com informações do site Campo Grande News.