O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, afirmou por meio de sua conta no Twitter que decidiu “expulsar” do país vizinho o traficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro da Veiga, o “Marcelo Piloto”, um dos líderes da facção criminosa CV (Comando Vermelho).
“Que o nosso país não seja terra de impunidade para ninguém”, afirmou em mensagem no Twitter. No último sábado (17), Piloto matou uma garota de programada dentro de sua cela no Agrupamento Especializado da Polícia Nacional do Paraguai onde aguardava desde 2017 o desfecho de um processo de extradição do Paraguai para o Brasil.
Segundo o jornal paraguaio ABC Color, o traficante brasileiro teria deixado o Paraguai em um voo da força aérea Paraguai nesta segunda-feira (19). De acordo com o jornal, Piloto assassinou a facadas uma mulher de 18 anos que o visitou em sua cela em uma suposta tentativa de evitar a extradição para o Brasil.
Piloto teria atuado no envio de drogas e armas obtidas no Paraguai para o Comando Vermelho no Rio. Ele já foi apontado como chefe do tráfico na favela de Manguinhos, na zona norte do Rio.
Entenda o caso
O medo de ser extradito para do Paraguai para o Brasil levou o narcotraficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, mais conhecido como “Marcelo Piloto”, a tomar uma medida extrema. Ele assassinou, com 16 golpes de faca de mesa, a garota de programa Lidia Meza Burgos, de 18 anos, que ficou 40 minutos na cela com ele no sábado (17).
A jovem morta pelo traficante brasileiro entrou no Agrupamento Especializado da Polícia Nacional do Paraguai, em Assunção, sem autorização, conforme informações do Ministério Público paraguaio. A vítima, ainda conforme o MP, o visitava pela 2ª vez. “Ela ingressou no presídio sem ser dia e hora de visita”, disse o promotor de Justiça Hugo Volpe. Na ocasião, a investigação apontou que ela entrou às 12h35 de sábado.
Ainda conforme Volpe, essa foi “uma atitude extrema de Marcelo Piloto para impedir sua extradição”. A Justiça do Paraguai autorizou a extradição do preso em 30 de setembro deste ano. Lidia visitava Marcelo Piloto quando, por volta de 13h50 de sábado, o guarda que fazia ronda no pavilhão da prisão ouviu gritos vindos da cela dele.
Ao verificar, encontrou a mulher caída no chão, ensanguentada. Ela foi encaminhada para atendimento médico, mas não resistiu. O corpo de Lidia foi submetido a autópsia e informações preliminares dão conta de que teriam sido 16 golpes de faca.
Ficha criminal
Marcelo Piloto possui extensa ficha criminal, que inclui crimes de homicídio, tráfico e associação para o tráfico, latrocínio e roubos. Ele estava escondido há anos no Paraguai, de onde enviava armas, drogas e munição para abastecer as favelas dominadas pela maior facção criminosa do Rio de Janeiro, o CV (Comando Vermelho).
Segundo a Polícia, Piloto chefiava o tráfico de drogas nas comunidades Mandela I, II e III, no conjunto de favelas de Manguinhos. Ele faz parte do grupo de dez traficantes acusados de participar do resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, de 29 anos, da 25ª DP (Engenho Novo), dia 3 de julho de 2012. Ao todo, ele já tem mais de 25 anos de pena a cumprir.
Ele foi preso em dezembro de 2017 no Paraguai, como resultado de um trabalho integrado entre a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado Segurança do Rio de Janeiro, a representação da Polícia Federal no Paraguai, Agência Antidrogas e Polícia Nacional do Paraguai, além da agência antidrogas americana (DEA).