Banco dos réus! Vlade se diz inocente, Rios chora e fala em injustiça; Jamilzinho põe a culpa em facção

Depois de mais de uma dezena de testemunhas contra e a favor dos réus são acusados pela morte do acadêmico de direito Matheus Xavier em abril de 2019, foi a vez de Jamil Name Filho, do ex-guarda municipal Marcelo Rios e do policial civil aposentado Vladenilson Olmedo responderem os questionamentos da defesa e da acusação sentados no banco dos réus. O primeiro foi Vlade, depois Rios e por último Jamilzinho.

O julgamento se estendeu pelo segundo dia seguido e deve terminar amanhã com as alegações finais das duas partes. Depois o Conselho de Sestença se reúne para dar o veredito.

JAMILZINHO

Jamil Name Filho, o Jamilzinho, entra no júri, senta no banco dos réus e começa seu depoimento agradecendo por estar em Mato Grosso do Sul após 4 anos e fala sobre o pioneirismo da família no Estado. Ao falar da morte de pai, Jamil Name, o informante se emociona e faz várias pausas no depoimento.

“Não tô aqui para fazer teatro, tô aqui para falar a verdade”, disse.

Jamilzinho é divorciado, tem três filhos, um de 20, um de 18 e outro de 15 anos. Réu tenta comover o júri ao falar do filho mais novo, disse que o menino quis parar de ir à escola por ser ameaçado pelos colegas.

De acordo com o acusado, Marcelo Rios era “guardinha” municipal e trabalhava na casa dos Names como “bico” de motorista da família. Jamilzinho, por “questão cultural do árabe”, disse que morava com os filhos e os pais juntos. O réu afirma que, por questão de respeito, a última palavra da família era de Jamil Name, o pai.

Jamilzinho também afirmou que não tinha inimizade com as testemunhas.

O réu negou qualquer envolvimento com a contravenção penal.

“Eu não atuo no jogo do bicho. Eu atuei em empresa de promoção de loteria em Mato Grosso do Sul”, afirmou Jamilzinho.

A relação com Paulo Xavier começou em 2010, segundo Jamilzinho. O acusado falou da ligação de PX com Major Caravalho, que sabia que PX havia sido preso em uma operação que envolvia o “Pablo Escobar Brasileiro”. De acordo com o réu, quem apresentou PX ao Jamilzinho foi um advogado, chamado Davi, três meses após o ex-capitão ter saído da prisão.

Segundo Jamilzinho, o empresário pagava R$ 3 mil por mês para o PX “aparecer” na casa de Jamilzinho.

Até o show de David Gueta foi mencionado. Jamilzinho afirmou que foi com PX de segurança ao evento.

O réu disse que nunca ouviu falar no nome de Juanil, que supostamente atirou contra Matheus. Para Jamilzinho, Juanil era de uma facção criminosa.

“Vai ter matança de picolezeiro a governador”: Declaração que Jamilzinho foi acusado de proferir ficou famosa na Operação Omertà e o questionaram durante o júri sobre a sentença. O réu, no entanto, fugiu da pergunta:

“Eu fazia uso de um remédio e fiz a cirurgia bariátrica. Desde 2009, eu tive problemas pessoais, no meu casamento, guarda dos meus filhos, coisas de negócio… Eu tenho um defeito de não conseguir falar não”, disse.

Para Jamilzinho, a execução de Matheus tem a ver com facções criminosas. Jamil Name Filho fala novamente que Juanil era membro de facção e Marcelo Rios se envolveu no crime. De acordo com o réu, o nome dele apareceu na operação apenas pelas armas terem sido encontradas na casa dele.

Entretanto, ressaltou que não sabia que as armas estavam na residência e que nunca pisou lá.

Depoimento de Jamilzinho acabou às 19h52. Julgamento volta amanhã, às 9h.

MARCELO RIOS

Acusado começa depoimento afirmando que é a oportunidade dele de tentar provar que não tem nada a ver com o crime. Rios disse que que assumiu erros e que tudo que puder dizer, vai falar.

Defesa de Rios tenta persuadir o júri a partir da suspeita de tortura que o cliente diz ter sofrido no Garras.

Rios alega que quando foi preso, foi algemado com os braços para cima e agredido pelo delegado Peró. De acordo com o réu, o delegado tomava whiskey enquanto agredia, para que ele denunciasse os Name. Rios relatou ainda que as agressões foram tantas que defecou na própria roupa.

Defesa de Rios pergunta se ele abusou sexualmente dos filhos e ele começa a chorar. Logo em seguida, Rios comenta que o delegado Peró é um “crápula”.

O acusado relembra como foi o dia que foi preso e levado para o Garras. Para Rios, os policiais plantaram o carregador que foi fio condutor para o nome de Rios aparecer no caso.

Ministério Público decide não questionar o réu, mas a assistente de acusação Cristiane, mãe de Matheus, pede para fazer uma pergunta.

“O senhor mencionou que tomava tereré com o Jamil. O senhor também assumiu o arsenal. Como o senhor combinou com ele, vamos dizer assim, para que recebesse as armas. Foi pessoalmente? Foi uma tratativa pessoal?”, perguntou Cristiane.

“Por conta da quantidade de armas não tinha nem como ser por celular. Foi pessoalmente”, respondeu Marcelo.

Então, coisas mais graves são tratadas pessoalmente?”, questionou novamente a advogada. Rios diz não entender a pergunta e Cristiane cita o exemplo das armas, perguntando novamente se casos graves igual ao das armas, eram tratados pessoalmente.

Rios responde que sim, mas que Name não levou as armas pessoalmente. Os itens foram repassados para ele no Parque Jacques da Luz.

Em seguida, Rios alega que tinha acesso à casa onde as armas foram encontradas (dos Name). De acordo com Rios, quando o Juanil lhe entregou as armas para guardar, Rios as levou até a casa dos proprietários, sem autorização deles e “deu no que deu”.

Rios comenta que não sabia que Juanil (suposto executor) não era Guarda Municipal. Relata ainda que não sabe quem é Juanil, mas fala de práticas de trabalho dele.