Entre a véspera e o dia de Natal, ao menos 25 mulheres foram vítimas de agressões em Mato Grosso do Sul, conforme registros no Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo), a partir de atendimentos realizados pela Polícia Militar em 18 municípios do estado.
As ocorrências ocorreram principalmente entre o dia 24 e a madrugada do dia 25, com a maioria dos casos acontecendo dentro de casa e o consumo de álcool frequentemente associado às agressões. Em muitos relatos, há histórico de violência anterior, descumprimento de medidas protetivas ou, em situações alarmantes, a recusa das vítimas em buscar proteção judicial.
Em um caso em Campo Grande, uma mulher de 42 anos foi agredida pelo ex-companheiro, mesmo com uma medida protetiva em vigor. A vítima havia reatado o relacionamento poucos dias antes e apresentava lesões visíveis, mas recusou atendimento médico e decidiu não acionar a prisão do agressor, optando por abrir mão da proteção.
No interior do estado, Dourados registrou três casos distintos em poucas horas, envolvendo mulheres de 21, 26 e 46 anos, todas agredidas após discussões relacionadas ao consumo de álcool. Nenhuma delas solicitou medidas protetivas.
Em Três Lagoas, uma mulher de 29 anos chamou a polícia após o companheiro ameaçar familiares com uma faca e arrombar portas. Embora o agressor tenha sido preso, a vítima desistiu de registrar a ocorrência e não solicitou medidas protetivas.
Alguns casos se destacam pela gravidade e pelo risco de desfechos fatais. Em Paranaíba, uma mulher de 33 anos acionou a polícia contra o ex-companheiro, um ex-policial penal, que já estava sob medida protetiva. Ele a intimidou em público e a situação evoluiu para agressões mútuas, culminando em confusão na delegacia.
Em Jardim, uma jovem de 21 anos foi ferida com uma faca pelo companheiro durante uma discussão familiar na madrugada de Natal. Ela precisou de atendimento médico e expressou o desejo de processá-lo e solicitar medidas protetivas, enquanto o agressor fugiu do local.
Outro caso ocorreu em Aparecida do Taboado, onde uma mulher de 44 anos foi enforcada e agredida pelo companheiro embriagado em via pública. O agressor foi preso e a vítima solicitou medidas protetivas, relatando que nunca havia sofrido agressões anteriormente.
Entre as 25 vítimas, apenas 9 manifestaram interesse em solicitar ou manter medidas protetivas de urgência. As outras 16 mulheres optaram por não buscar proteção, mesmo diante de lesões, ameaças e uso de armas. Em alguns casos, medidas protetivas já existentes estavam sendo ignoradas, com vítimas e agressores convivendo sob o mesmo teto ou se encontrando livremente.
