A violência contra a mulher não escolhe classe social e nem escolaridade dos agressores. Em Dourados (MS), o médico e vereador Diogo Silveira Castilho (DEM), de 36 anos, foi preso em flagrante por violência doméstica, no Bairro Parque Alvorada. Policiais militares da Força Tática fizeram a prisão depois de receberem a denúncia feita por vizinhos, na noite de sábado (4).
À Polícia, ele contou que brigou por causa de ciúmes que a noiva, de 24 anos, teria de uma assessora parlamentar. No entanto, a noiva disse aos policiais que ele é que sente ciúmes. Por volta das 22h30, os policiais chegaram à casa, onde o vereador relatou ter discutido com sua noiva, com quem tem relacionamento há um ano e seis meses.
O preso contou aos policiais que no momento da discussão, a noiva avançou nele e por isso ele a segurou pelo braço. As discussões teriam começado na casa de amigos, onde, segundo relato do vereador à Polícia, a noiva ficou “emburrada por conta de ciúmes”, após uma brincadeira de conotação sexual.
Eles foram para casa, onde a discussão continuou. O médico disse à Polícia que a noiva tem ciúmes de uma assessora e queria que ele a demitisse. Depois de gritar com a noiva, alegando que não a traia, a mulher ameaçou ir embora, mas ele disse que ela não tinha condições pois estava embriagada.
Ele disse que precisou segurá-la pelos braços e colocar na cama na tentativa de acalmá-la, pois ela tentava o agredir. Em seguida, a noiva ficou deitada no colo de Diogo, momento em que os policiais chegaram, conforme o relato do vereador.
A noiva do vereador disse aos policiais que ambos passaram o dia bebendo e acabaram discutindo. Ela disse ainda que não estava machucada, mas que o Diogo tentou “esganá-la com as mãos e sufocá-la com um travesseiro”.
No momento em que ameaçou denunciá-lo, a mulher ouviu ameaças de morte, segundo relatou à polícia. Ela afirmou aos policiais que Diogo disse “se você me denunciar, eu te mato” e “você vai acabar com minha carreira política se fizer isso”. A noiva disse que não é a primeira vez que sofre agressão física e verbal por conta dos ciúmes que ele tem.
O vereador tinha uma escoriação no antebraço esquerdo, conforme a Polícia. Eles moram juntos desde janeiro deste ano, mas romperam em junho e reataram o relacionamento em julho. Com eles, mora o filho dele, de 12 anos. Diogo disse à polícia que a noiva já teve crises de ciúme antes, inclusive, presenciadas pelo pai dela. Ele disse ainda que pretende obedecer a ordem para manter distância da mulher, já que ela pediu medida protetiva.
Sem prazo para sair
A defesa de Diogo Silveira Castilho vai pedir que ele possa responder em liberdade pela acusação de violência doméstica. A prisão em flagrante tornou-se preventiva depois de pedido do MPE (Ministério Público Estadual). O órgão defende que “não é o caso de aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, que se revelam totalmente inadequadas ou insuficientes à gravidade dos fatos praticados”.
Para o MPE, Diogo deve continuar preso porque o caso preenche o requisito do inciso III do art. 313 do CPP (Código de Processo Penal), que diz “se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher”. O vereador responde pelos crimes de ameaça, injúria e vias de fato, no âmbito da violência doméstica.
O advogado do vereador, Renan Pompeu, prepara a defesa para pedir ainda hoje que seja suspensa a prisão preventiva, porque Diogo tem bons antecedentes e, além disso, é o único responsável pelo filho, de 12 anos, pois a mãe mora em São Paulo.
“Diogo é réu primário, tem bons antecedentes, residência fixa e tem um filho, que depende financeira e afetivamente dele. Ele nunca teve registro e o que aconteceu ontem foi caso isolado, em que os dois estavam embriagados e entraram em agressão mútua”, disse o advogado do vereador.
Segundo Pompeu, a noiva, que morava junto com Diogo, fez exame de corpo de delito, que não revelou nenhuma agressão física. Com informações do site Campo Grande News