Papai Noel estava na sua caverna, no Polo Norte, embalando os presentes que serão entregues no próximo Natal. O ursinho polar, que o ajuda nessa tarefa, entrou correndo com um monte de cartas preso entre os dentes. Com um abrir de boca, deixou as cartas caírem no piso de gelo e exclamou:
— Pai Noel, chegou mais!
O bom velhinho deixou de lado um boneco de Michel Temer, que estava embrulhando para colocar no sapatinho do Mercado, e perguntou:
— De onde são esses pedidos?
O ursinho, que já bisbilhotara a correspondência, respondeu:
— São todos de um lugar chamado MATO GROSSO do Sul, Brasil.
— Brasil? Ainda existe? Falaram-me que o governo deles tinha acabado com o País – disse Papai Noel.
O ursinho apressou-se em esclarecer:
— Não, Pai Noel, o projeto do governo é acabar com a Nação (povo). O País (espaço geográfico) ele está dividindo com os amigos e “mui amigos”.
— Entendi – sussurrou o Bom Velhinho. — Mas eu avisei para Cabral que a travessia do mar seria um esforço inútil. Ele sonhava em fundar uma grande Nação. Enquanto o governo acaba com a Nação, ela passa às tardes dos domingos, esparramada no sofá, torcendo por quem vai ganhar a dança dos famosos no Programa do Faustão. Deixa isso pra lá. Não adianta perder tempo com coisas que nem o Tempo deu jeito. Vamos aos pedidos de MS.
O ursinho abriu a primeira carta e leu: “Papai Noel, eu quero voltar a ser presidente do Porto do Forno”. O remetente era Paizão.
— Esse eu já conheço! É um olhudo, já comeu demais! Joga a carta dele no lixo! – vociferou Noel.
O ursinho abriu outra carta: “Pai Noel, eu queremos ganhar de presente a aprovação das nossas contas do ano. Assinado: Os prefeitos.
— Veio errado – falou Noel. Encaminha o pedido dele para o Tribunal de Contas se é que lá vão fazer a coisa certa mesmo, dúvido. Abre outra.
O ursinho abriu mais uma carta: “Pai Noel, eu queria não ver nunca mais uma tornozeleira eletônica”.
— Tornozeleira… — estranhou Noel. – Deve ser algum adorno indesejável. Vamos ajudá-lo. Encaminha o pedido dele para o Zé das Chaves, quem sabe ele pode ajudar.
Mais uma carta: “Sinceramente, Papai Noel, estou prestes a ser enquadrado no STF, daria para me livrar dessa?”.
Livrar de quê? Nem se eu intervir tenho como resolver esse imbróglio, dançou.
E mais um pedido: “Papai Noel, eu quero ganhar no Natal um mandato no próximo ano.
Noel levou as mãos à cabeça e gritou:
— Eita, povo doido! Fala pra ele que eu passei batido!
O ursinho remexeu com a patinha o monte de cartas e pegou mais uma. Nela estava escrito: “Papai Noel, ‘tamo junto’ nesse Natal. Sei que o seu amor pelo povo de MS é tão grande quanto o de pai para um filho. Não vamos abusar desse amor pedindo muito. Queremos apenas que tire a PF do meu calcanhar. Dos seus admirador……..”.
Papai Noel começou a gargalhar, riu das lágrimas embaçarem as lentes dos óculos. E sem desfazer o sorriso do rosto falou:
— Que gente engraçada. Não pensei que meu dia seria tão divertido. Responde para else que eu só distribuo presentes. Milagres, ele tem que pedir a Deus. (m.felix)