Duas chapas irão disputar os votos dos conselheiros, uma delas encabeçada por Alir Terra e outra por Esacheu Nascimento, que ainda tem em sua chapa Heber Xavier, que também abandonou a presidência da Santa Casa em 2020. A tentativa de Esacheu Nascimento e de Heber Xavier de voltarem deixou em alerta os associados, pois ambos abandonaram o cargo nos piores momentos enfrentados pelo hospital.
No caso de Nascimento, a renúncia se deu por questões de interesse estritamente pessoal, após utilizar o hospital como trampolim político-eleitoral. A primeira renúncia ocorreu em 2010, quando ele tentou se eleger deputado federal. A iniciativa fracassou e Esacheu chegou ao final da eleição com parcos 12.627 votos. Alguns anos depois, foi eleito novamente presidente da ABCG.
Em março de 2020, no auge da pandemia da Covid-19, ele novamente renunciou ao cargo, desta vez para se aventurar como candidato a prefeito de Campo Grande. Teve votação pífia, ficando na 7ª colocação, com míseros 10.170 votos. Nessa ocasião, Esacheu foi substituído na presidência pelo economista Heber Xavier, que permaneceu apenas seis meses no cargo.
Ele também renunciou, alegando “motivos estritamente particulares e de foro íntimo”. Mas agora, tenta voltar à diretoria da ABCG, disputando uma vaga no Conselho Fiscal. Em junho deste ano, Esacheu Nascimento voltou a integrar o quadro do Conselho Deliberativo da ABCG. Em reunião no dia 27, indagado pelos demais conselheiros se pretendia novamente candidatar-se ao cargo de presidente, ele foi enfático ao afirmar que pretendia “apenas ser conselheiro”.
Ele inclusive firmou esse compromisso em ata, mas a palavra acabou não sendo cumprida, mesmo com documento assinado, e Esacheu Nascimento logo colocou o seu bloco na rua. “Quem garante que mais uma vez ele não irá renunciar, caso seja eleito?”, questiona Wilson Teslenco, ex-presidente da ABCG, que ainda indaga: “qual seria o motivo dessa nova candidatura, se ele já renunciou duas vezes? Quais interesses estão por trás de sua candidatura?”.
Dívida milionária
Durante a gestão de Esacheu na presidência da Santa Casa, de 2016 a 2020, diversos empréstimos foram feitos pelo hospital e, hoje, essa dívida com bancos está em R$ 540 milhões. Por causa dos empréstimos que são pagos em parcelas mensais, ficou mais difícil manter o salário dos funcionários em dia, por isso que manifestações por causa desses atrasos eram recorrentes durante a gestão de Esacheu.
Além disso, contratos feitos na gestão do ex-presidente são investigados pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Em 2019, foi aberto procedimento preparatório, que no ano seguinte foi transformado em inquérito civil, para apurar possível irregularidade em contratos firmados pelo ex-presidente com diversos prestadores de serviço.