Depois de tentar despistar a imprensa sobre o destino final do narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, 49 anos, que foi extraditado nesta quinta-feira (28) do Paraguai para o Brasil, a Polícia Federal finalmente revelou o novo “endereço” do “Senhor das Drogas”.
Ao contrário do informado à Justiça do Paraguai na manhã de hoje, Pavão não foi levado para o presídio de Balneário Camboriú (SC), mas para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), ou seja, o bandidão trocou a praia catarinense pela selva amazônica.
Ele veio para o Brasil em um avião próprio da PF, que buscou o traficante de drogas no Grupo Aerotático da Polícia do Paraguai, Luque, cidade que faz parte da região metropolitana de Assunção, capital do Paraguai. No Brasil, Pavão deve cumprir uma sentença de 17 anos por tráfico de drogas, entre outros crimes.
“Só resta lutar no Brasil”, afirmou brevemente a advogada Laura Casuso, defensora do narcotraficante brasileiro. Além disso, seus outros advogados ficaram furiosos porque não conseguiram, na noite de ontem (27), um recurso legal para que seu cliente permanecesse no Paraguai, como eles pretendiam.
Fim do mistério
Após um mistério sem sentido, o avião da PF com Pavão chegou a aterrissar em Brasília (DF) para depois seguir para a cidade de Porto Velho, onde fica o presídio federal. Natural de Ponta Porã (MS), ele mudou-se para Santa Catarina nos anos 1990, fixando residência em Balneário Camboriú, onde tinha comércio de veículos para esconder os negócios do tráfico.
Suspeito de ligação com o crime organizado, Pavão chegou a ser preso em Balneário Camboriú com 25 quilos de cocaína. Na época, a Polícia Federal apontou o traficante como responsável por 80% do comércio de drogas na região.
Mesmo assim, Pavão ganhou liberdade. Quando a PF reuniu provas de seu envolvimento com um grande esquema de distribuição de drogas, inclusive usando uma empresa de importação de cerveja como fachada, ele se refugiou no Paraguai, onde foi preso, perto da fronteira com Mato Grosso do Sul, no dia 27 de dezembro de 2009.
Até julho do ano passado, Pavão ficou preso no presídio de Tacumbú, em Assunção, onde mandou construir uma estrutura luxuosa, com sala de visita, geladeira, cama box, banheiro exclusivo, TV de LED, ar condicionado e até uma sala para cultos evangélicos.
Por 17 meses ele ficou na sede do Grupamento Especializado da Polícia do Paraguai, ao lado de Tacumbú, onde continuou contando com regalias enquanto o governo paraguaio se cercava de cuidados temendo um resgate. Jarvis Pavão chegou a ser apontado pelo governo do país vizinho como mentor do assassinato do então “dono da fronteira”, Jorge Rafaat Toumani, ocorrido em junho do ano passado, em Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com Ponta Porã (MS).
No entanto, ele nega o crime e diz que era amigo de Rafaat, mas os dois foram sócios no passado, mas Pavão se aliou ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Rafaat não permitia a presença da facção criminosa na fronteira e esse teria sido o principal motivo para sua morte. Atualmente o PCC é, segundo o governo paraguaio, a principal facção criminosa em atividade naquele país, conforme informações do Campo Grande News.