O ex-governador e agora deputada estadual Zeca do PT foi “amaldiçoado” por uma liderança indígena de aldeia situada aos arredores da cidade de Amambai devido às sistemáticas declarações contra a recente invasão de uma fazenda tomada por índios da etnia Guarani-Kaiowá, em Rio Brilhante.
Por meio de um áudio enviado pelo WhatsApp, o líder, cujo nome não foi revelado pelo indígena Magno Souza, que foi candidato a governador pelo PCO e responsável por repassar a gravação ao parlamentar, disse que se sentiu traído pelo ex-governador.
Ele mandou um duro recado ao deputado estadual, dizendo-lhe para não voltar mais à aldeia, do contrário recorreria ao “feitiço e à macumba” para prejudicá-lo. “Não sai vivo”, é parte da mensagem.
Magno Souza também ajudou na tradução do recado mandado ao deputado estadual Zeca do PT, que foi gravado no idioma guarani. De acordo com a tradução, não integralmente, o líder indígena teria dito isso: “Zeca, você era nosso parceiro que sentava com a gente e conversava em guarani na varanda. Agora, você mudou de lado, virou um canibal, anda criticando nossas ações”.
Ainda no áudio, o líder disse que “quem te ajudou e fez a reza do pai da terra e pediu para que você fosse o grande líder fomos nós”. “Agora, joga os guarani-kaiowá no fogo, julga a gente. Nem vem aqui. Sabe que somos feiticeiros, macumbeiros. Se tiver coragem e vier aqui não volta vivo”.
Em outro trecho da conversa, o líder indígena deixa a entender que a “postura” de Zeca do PT em criticar os manifestos dos guarani-kaiowá, como a ocupação da fazenda, por exemplo, favorece a aprovação do PL do Marco Temporal, uma tese jurídica que defende que os povos indígenas só têm direito às terras já ocupadas ou em processo de disputa em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Federal.
Magno Souza afirmou que pensa igual ao líder em relação a Zeca. “Já não temos terra suficiente e, agora com o Projeto de Lei 490, a situação fundiária dos indígenas deve piorar. Já falam que os indígenas são vagabundos, bêbados, não trabalham, e agora?”, afirmou, completando que a aprovação do PL do Marco Temporal deve acender “ainda mais” a ira dos ruralistas contra os indígenas.