Passados 10 anos da cassação do mandato do ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), pela Câmara Municipal, o então vice-prefeito Gilmar Olarte (sem partido) foi do céu ao inferno. Ele chegou ao ápice da carreira política ao assumir o cargo de prefeito da Capital, mas foi afastado, preso e condenado por corrupção.
Dos denunciados na Operação Coffee Break, Olarte foi o único julgado e condenado pela Justiça de Mato Grosso do Sul, apesar de contar com amigos poderosos, como o empresário João Amorim, a quem foi flagrado chamando de “chefe”, e desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), como Sideni Soncini Pimentel e Paschoal Carmello Leandro.
A derrocada de Gilmar Olarte começou com o Fantástico, programa da TV Globo, que levou em rede nacional o golpe do cheque em branco dado aos fiéis da Igreja Assembleia de Deus Nova Aliança. Após a reportagem, o ex-prefeito foi obrigado a se desvincular da denominação “Nova Aliança” por pressão da igreja matriz no Mato Grosso, que não queria estar vinculada a sua imagem.
Afastado do cargo e preso na Operação ADNA, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Olarte ficou hospedado por um bom tempo no Presídio Militar de Campo Grande. Para deixar a prisão e tentar evitar o julgamento no TJMS, ele renunciou ao cargo de prefeito e vice-prefeito da Capital em 2016.
No entanto, a estratégia acabou não surtindo efeito e a Seção Criminal do TJ terminou por condená-lo a oito anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele só começou a cumprir a pena três anos após o julgamento e, atualmente, graças ao bom comportamento no presídio, deixou o Presídio de Segurança Máxima na Gameleira.
No entanto, ele luta para anular outra condenação na Justiça, por ocultação de patrimônio. O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, o condenou a quatro anos de prisão por não comprovar a origem de R$ 1,3 milhão investidos na compra de um terreno e construção de uma mansão no residencial de luxo Damha II, que ficou inacabada.
Gilmar Olarte recorreu contra a sentença, mas não conseguiu anulá-la. O MPE (Ministério Público Estadual) tentou ampliar a condenação por mais nove bens, mas o pedido também foi negado pelo Tribunal de Justiça. Somente após a sentença transitar em julgado, o ex-prefeito pode voltar ao presídio por mais uma temporada.
O ex-prefeito também foi condenado por improbidade administrativa no escândalo dos convênios fraudulentos com a Omep e Seleta. Olarte ainda é réu por improbidade e corrupção na Operação Coffee Break.
Ele foi o precursor em usar a religião na política. Antes de ser preso, ele chegou a reunir os fiéis em casa para dias de oração, vigília e jejum para evitar a prisão. Ele se separou da ex-primeira-dama Andréia Olarte e perdeu o comando da igreja.