Só foi o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciar ontem (12) a saída do PSL para a criação da legenda Aliança pelo Brasil (APB), que os parlamentares da sigla aqui em Mato Grosso do Sul já começarem a falar sobre a Presidência do novo partido no Estado. A gana pelo poder é tanta que os “nobres” deputados e senadora nem pediram a desfiliação do PSL ainda, mas já estão no campo de batalha para comandar a nova sigla em nível estadual.
Conforme a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), Bolsonaro deve presidir o novo partido em nível nacional, enquanto a primeira convenção da sigla será feita em 21 de novembro. Além da expectativa de quem vai presidir o partido em nível nacional, em nível estadual também existe a dúvida com relação ao possível novo diretório.
O PSL no Estado foi estruturado pelo deputado estadual Coronel David e por seu aliado Rodolfo Nogueira, que foi presidente da sigla durante a campanha de 2018. Conforme informações dos bastidores, em um acordo político, David seria colocado como presidente do PSL estadual, porém, na hora de oficializar a nova diretoria, a senadora eleita Soraya Thronicke foi a escolhida pelo presidente da Executiva nacional do partido e deputado federal eleito, Luciano Bivar, como a nova líder da agremiação.
A situação gerou uma grande crise na sigla no Estado, que vem se arrastando desde 2018 e dividiu o partido em dois grupos, sendo o primeiro o da senadora Soraya com o deputado federal Loester Trutis e o deputado estadual Capitão Contar e o segundo de Coronel David com o deputado federal Luiz Ovando. A saída de Bolsonaro do partido e a possível criação de uma nova agremiação partidária colocam em dúvida quem seria o nome de Bolsonaro em Mato Grosso do Sul.
David é amigo do presidente do Brasil e, na campanha municipal de 2016, candidatou-se à Prefeitura de Campo Grande colocando o nome do futuro candidato eleito ao Executivo nacional em evidência no Estado. O deputado federal Luiz Ovando é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados e esteve na reunião de ontem no Palácio do Planalto. Ele foi um dos parlamentares que assinaram em favor do nome de Eduardo Bolsonaro como líder da agremiação na Casa.
O nome de Luiz Ovando está em destaque por ele ser fiel ao presidente e seus filhos em Brasília. De acordo com o deputado federal, ainda não é possível dizer quem será escolhido por Bolsonaro, porém, ele acredita que o nome será “de uma pessoa que seja autêntica”. “Quando for criar os diretórios, tem que ir para mãos de pessoas que sejam autênticas, e não retalhadores. Você pode receber, dar uma orientação, mas a liderança é de quem é autêntico dentro do processo”, declarou Luiz Ovando, ressaltando que os deputados e senadores que não se manifestaram com relação à crise entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar não podem exercer cargo de liderança.
O presidente Bolsonaro convidou alguns deputados federais que não declararam apoio a ele e nem mesmo a Bivar para a reunião de ontem e, na visão de Luiz Ovando, Jair foi “condescendente, porque havia muitos deputados na reunião que não assinaram aquela votação na escolha do líder do partido”. O único senador que esteve presente na reunião foi Flávio Bolsonaro, filho do presidente, que anunciou que já pediu desfiliação do PSL no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).
Ao contrário dos deputados federais, os senadores não perdem o cargo caso saiam do partido sem autorização da executiva. Com a saída de Flávio, o PSL pode perder a participação em comissões, uma vez que o regimento pede que o partido tenha ao menos três senadores eleitos. A senadora Soraya é titular em 15 comissões e, questionada se seguiria Bolsonaro, avaliou que o partido poderia perder espaço no Senado e o governo precisa dos senadores para aprovar suas pautas.
“O Flávio está saindo porque está com problemas pessoais, e durante dois anos são definidas as participações comissões, eu continuo com espaço, desde que o partido permita. Se eu sair, o partido suspende minhas atividades e o governo precisa de voto”. Capitão Contar disse ontem que seguirá com Bolsonaro mesmo que fique de fora das eleições de 2020. Ele é o nome de Soraya para disputar a prefeitura de Capital. Coronel David sempre declarou que segue com Bolsonaro. O deputado Luiz Ovando também tem a mesma postura, enquanto o deputado federal Loester Trutis está em silêncio, mas deve acompanhar os colegas.