A vencedora foi a empresa Abaeté, que assumirá o serviço de lavanderia do HR, em caráter emergencial, durante três meses. No entanto, de acordo com informações repassadas ao Blog do Nélio, a Abaeté não tem poço, não tem selo de excelência, não tem licença ambiental e nem de operação como lavanderia hospitalar e, ainda, lava as roupas dos funcionários da Solurb e de um frigorífico.
Imagina o absurdo: a roupa hospitalar dos pacientes do HR sendo lavada junto com roupa dos catadores de lixo de Campo Grande e dos funcionários de um frigorifico. Essa falta de noção por parte do antigo comando da Secretaria Estadual de Saúde, leia-se Nelson Tavares, que foi exonerado a pedido, dizem, será revista pelo advogado por formação Carlos Alberto Coimbra, que é o novo secretário estadual da Pasta e terá de se habituar aos desafios em uma área polêmica e delicada: gestão de saúde pública.
Entenda o caso
No dia 22 de novembro, o Blog do Nélio fez a denúncia de que no Hospital Regional, a 2ª maior unidade de saúde do Estado, tem muita coisa suja que vai desde a roupa de cama até licitação cancelada. De acordo com a missiva que já está protocolada no Ministério Público Estadual, o problema grave está no setor de lavanderia do hospital.
E une duas pontas importantes. Primeiro, a roupa hospitalar não estaria sendo lavada adequadamente, sendo reposta com sujeiras e resto de sangue além de outros produtos contaminantes, que sob pena do contágio de doenças, repostas em mascas e camas oferecendo riscos aos pacientes.
A segundo diz respeito a empresa que estaria fornecendo os serviços para a unidade que, sem licitação, entregaria roupas contaminas no complexo do hospital, conforme as fotos enviadas ao blog. Esse absurdo está sendo aceitado pelas autoridades de saúde do Estado e, de acordo com as denúncias, já protocoladas junto às autoridades competentes uma licitação para assumir os serviços teria carta marcada para uma empresa do Paraná ganhar o certame.
Uma pausa para reflexão:
Ora, se o Estado não consegue por si próprio oferecer um serviço de saúde de qualidade aos seus pacientes, contrata uma empresa terceirizada e mesmo assim a empresa não consegue servir ao contribuinte de forma aceitável, o que significaria isso?
Uma incompetência duas vezes, ou não é? Não faz bem e ainda contrata quem faz mal, pode significar dupla incompetência. Uma lástima que perdura por anos, vide a operação Sangue Frio da Polícia Federal que denunciou a “máfia do câncer” que anos atrás foi montada com anuência do Estado para particularizar o tratamento e acabou matando muita gente e desviando recursos públicos.
Pois bem. Agora, o esquema consistia, segundo a denúncia, em uma empresa operar por seis meses dentro do Hospital Regional, para depois, com dinheiro arrecadado, montar sua própria estrutura. Ou seja, a Saúde do Estado mais uma vez uma “mãe” para a iniciativa privada.
A empresa acertada para ganhar o direito de servir o HR seria a LavBrás, do Paraná, que cobraria durante seis meses de trabalho usando a estrutura do hospital cerca de R 6,90 o quilo, perfazendo cerca de 5.000 quilos por mês.
Os denunciantes garantem que a demanda do HR não consegue chegar a 2 mil quilos por mês. Na licitação a empresa teria que ter capacidade de lavar até 50% a mais desse montante, ou seja, 7500 quilos.
Isso complica mais as exigências na licitação, porque nenhuma empresa do Estado teria condições de cumprir essa exigência por não haver demanda para isso. Esse item desqualifica as empresas de MS e coloca o Paraná como certa ganhadora do certame.
O problema agora é que depois que o Blog do Nélio, entrou em contato com o Governo do Estado para saber sobre o assunto, a assessoria de imprensa respondeu os questionamentos de forma monossilábica. “Cancelada”, referindo-se à licitação, no entanto, não explica o porquê do cancelamento.
Estranho, não é verdade?
No próprio edital publicado pelo Governo do Estado diz ser obrigatório que a empresa participante tenha pelo menos seis meses de operação no mercado, fora do hospital, para entrar na concorrência, o que isso não ocorre. Fala ainda sobre a capacitação técnica sobre o assunto além da “declaração de habilitação” da empresa, que não a teria.
De acordo com a denúncia, seria um esquema para arrecadação de dinheiro para montagem de uma lavanderia no prazo de seis meses, enquanto operariam dentro do hospital sem qualquer tipo de pagamento para o Estado, apenas ônus para o contribuinte.
De novo. E a reposta da assessoria de imprensa limita-se a responder.
Cancelada!
Mais uma para o Ministério Público enquanto isso os pacientes recebem roupas de cama contaminadas e sujas, mesmo pagando seus impostos, num descaso total à Saúde.
Vale lembrar que o município de Campo Grande também impôs um duro golpe aos seus contribuintes tratando a saúde pública com descaso. Uma “Caravana da Saúde, só” não faz verão.