O ex-major da Polícia Militar, Sérgio Roberto de Carvalho, entrou com uma ação judicial para se desvincular do apelido de “Escobar Brasileiro”, utilizado por parte da mídia nos últimos anos. Na ação, ele solicita uma indenização de R$ 100 mil por danos morais e a retirada de reportagens que o associam diretamente ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar.
Carvalho foi preso em Budapeste, na Hungria, em junho de 2022, e deportado para a Bélgica um ano depois. Atualmente, ele está detido na Penitenciária de Haren, em Bruxelas, aguardando julgamento por narcotráfico.
O processo, protocolado em 29 de setembro de 2025, tem como réus diversas empresas de comunicação, incluindo UOL, Bandeirantes, Rádio Itatiaia e Olhar Direto. A ação está tramitando na 11ª Vara Cível de Campo Grande.
Na petição, Carvalho argumenta que nunca foi condenado pelos fatos mencionados nas reportagens e que a imprensa transformou suspeitas e investigações em verdades absolutas. Segundo sua defesa, o que começou como uma citação de investigação em fevereiro de 2021 evoluiu para uma “sentença midiática” no dia seguinte, quando veículos de comunicação passaram a afirmar como fato consumado que uma apreensão de drogas na Bahia estava relacionada a ele.
O processo destaca uma reportagem publicada em 26 de fevereiro de 2021, que atribuiu informações a uma coluna do UOL, mencionando uma investigação da polícia portuguesa. Um dia depois, matérias da Bandeirantes teriam afirmado que a droga pertencia a Carvalho, o que, segundo a defesa, consolidou uma narrativa falsa, repetida ao longo dos anos como se fosse um dado biográfico.
Outro aspecto central da ação é o uso do apelido “Escobar Brasileiro”. O autor afirma que a comparação com Pablo Emilio Escobar Gaviria não tem caráter informativo e serve apenas para estigmatizá-lo, ampliando o impacto das reportagens. A defesa considera essa analogia ofensiva e desproporcional, pois o associa a crimes de extrema violência.
Além da indenização, Carvalho requer que as reportagens sejam retiradas do ar, que os veículos publiquem uma retratação com destaque equivalente ao das matérias originais e que cubram as custas e honorários advocatícios.
Ele também solicitou justiça gratuita, alegando falta de recursos financeiros. Segundo a ação, Carvalho está preso na Bélgica e teve sua aposentadoria como policial militar cassada em 2023, ficando sem qualquer fonte de renda. Em 21 de outubro, o juiz Renato Antônio de Liberali determinou que fossem apresentados documentos para comprovar sua condição financeira, o que foi feito pela defesa em 15 de dezembro de 2025.
