O delegado regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Marcus Vinicius Zampieri Sellmann, revelou ontem (11) que as investigações da “Operação Falsas Raízes” apontaram que um grupo criminoso que fraudava benefícios sociais para paraguaios obterem auxílios sociais no Estado causou prejuízo estimado de ao menos R$ 720 mil em um ano.
O caso é apurado há um ano, mesmo período em que as apurações começaram, quando uma paraguaia foi presa. Ao todo, 40 benefícios sociais foram concedidos a paraguaios que não moram no Brasil, mas recebiam pagamentos de Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada).
“É um benefício de aproximadamente R$ 1.500,00. Então, nós partimos do pressuposto de que esses benefícios foram concedidos no mês passado. Aí já teríamos cerca de R$ 60 mil, mas essa não é a realidade. Muitos benefícios foram concedidos muito antes. Há pessoas que estão recebendo esse benefício há seis, sete ou oito meses. Alguns até há um ano”, disse o delegado.
A investigação, conduzida pela Delegacia da Polícia Federal de Ponta Porã, começou após a prisão em flagrante de uma mulher paraguaia que tentou regularizar a situação migratória com documentos falsos. Marcus Sellmann explicou que o golpe envolvia a emissão de Carteiras Nacionais de Registro Migratório com comprovantes de residência forjados.
“Esses estrangeiros obtinham documentos migratórios com declarações falsas de moradia no Brasil. A partir daí, ingressavam com pedidos de benefícios assistenciais junto ao INSS, alegando residência fixa no país. Alguns recebiam por meses e até faziam empréstimos consignados, cujo valor era repassado ao grupo criminoso”, afirmou o delegado.
De acordo com ele, o esquema era articulado por um grupo em Ponta Porã, responsável por “arregimentar” paraguaios e providenciar toda a documentação necessária para fraudar o sistema. Em muitos casos, os contratos de locação e declarações de residência utilizados eram falsos ou vinculados a imóveis pertencentes ao próprio grupo. “Havia situações em que até dez pessoas apresentavam o mesmo endereço como residência”, disse.
Na operação, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão na fronteira, sendo que foram apreendidos celulares, computadores, documentos e cartões bancários com senhas anotadas — indício de que os valores dos benefícios eram movimentados pelos próprios fraudadores. Ainda conforme o delegado, parte dos beneficiários acreditava estar agindo de forma legal.
