O caos na saúde de Campo Grande continua e, dia sim e outro também, são registrados casos de falta de atenção da atual gestão municipal. O último caso que veio a público é que a família de Genésia Delfino Dias, de 52 anos, está desesperada com a longa espera por uma vaga hospitalar para a realização de uma cirurgia de vesícula.
Internada desde a manhã de terça-feira (23) na UPA das Moreninhas, a paciente, que também tem diagnóstico de câncer, segue sem previsão de transferência para um hospital onde possa ser operada.
Segundo relatos da família, Genésia deu entrada na unidade por volta das 11h sentindo fortes dores. Às 16h, os exames confirmaram inflamação na vesícula e a presença de cálculos biliares. Apesar da gravidade da situação, os profissionais informaram que não havia vagas disponíveis em hospitais da capital e que o sistema estava em situação de superlotação.
“Ela ficou sentada em uma cadeira, com dor, até às 22h18 da noite. Foram mais de 11 horas esperando um quarto na própria UPA. Só depois disso conseguiram levá-la para um leito dentro da unidade”, conta a nora da paciente, Roberta de Souza Silva.
Mesmo após conseguir um quarto dentro da UPA, Genésia continua aguardando uma vaga hospitalar para ser submetida ao procedimento cirúrgico. Até esta quinta-feira (25), mais de 36 horas após a internação, a paciente seguia em observação, sendo medicada, mas sem nenhuma previsão para a cirurgia.
A situação se agrava ainda mais por conta do histórico de saúde da paciente. “Minha sogra tem câncer. Ela precisa urgentemente fazer essa cirurgia da vesícula e não pode esperar muito. Já perdemos recentemente uma tia que também tinha câncer e morreu esperando a cirurgia de vesícula no Hospital Regional. Não queremos que isso aconteça de novo”, desabafa o familiar.
A família pede que, ao ser transferida, Genésia não seja colocada em corredores, como já aconteceu com outros pacientes em situações semelhantes. Com um laudo médico em mãos, a família buscou apoio da Defensoria Pública para entrar com uma ação que obrigue o município a disponibilizar uma vaga.
Contudo, o laudo emitido por uma médica classificou o caso como “nível 2”, o que significa que o quadro não seria considerado de urgência máxima, fator que inviabilizou a ação judicial.
“O médico que estava acompanhando o caso disse que era urgente, que a gente pudesse entrar na Defensoria. Mas na hora de assinar o laudo, foi uma médica que fez isso e colocou que a situação poderia esperar. A Defensoria disse que, com esse laudo, não tem como obrigar o hospital a liberar a vaga. Agora, vamos ter que pedir um novo laudo, com classificação de nível 1, que é o que realmente representa o estado dela”, explica a nora.
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) negou detalhes do caso com base na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), apesar de a legislação não prever restrição quando há consentimento expresso do paciente.
“A Prefeitura de Campo Grande informa que todos os serviços de consultas, exames e atendimentos prestados à população seguem protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), que estabelecem critérios de priorização com base em urgência, gravidade e disponibilidade de recursos.
Em cumprimento à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), bem como ao princípio constitucional da inviolabilidade da intimidade e da vida privada, a Secretaria Municipal de Saúde não fornece informações individualizadas sobre pacientes à imprensa ou a terceiros, ainda que de forma indireta.
Qualquer informação sobre o estado de saúde, atendimento ou regulação será prestada exclusivamente ao próprio paciente ou quem legalmente seja responsável pelo mesmo de forma segura e de acordo com os critérios legais vigentes.
A Sesau recomenda que o paciente se dirija até a sua unidade de referência para acompanhar o andamento de suas demandas, ou acesse os canais oficiais de relacionamento com o público:
- Ouvidoria SUS – 0800 314 9955 / (67) 3314-9955
- Portal da Ouvidoria: https://ouvidor.saude.gov.br/public/form-web/registrar
- Central 156″