Levantamento da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) revelou que, de janeiro a agosto deste ano, já foram registradas 99 mortes ligadas ao narcotráfico em Campo Grande. O número é recorde dos últimos oito anos no município e demonstra que 2025 é um dos mais violentos do período.
No site da Sejusp, é possível visualizar o histórico ano a ano desde 2015, indicando que este ano é o terceiro mais violento no período analisado, ficando atrás de 2016 e 2017, quando foram catalogadas 103 e 135 vítimas, respectivamente.
Nos dados disponíveis pela Sejusp, que vão até o dia 14 de agosto, é possível fazer o perfil de 89 vítimas, das quais todos são homens. Outras duas mulheres são do levantamento do Correio do Estado. Por faixa etária, 60 são adultos, 19 jovens, oito idosos, três crianças, um adolescente e um não informado, proporção que é parecida nos anos anteriores.
Dentre os principais motivos para os homicídios, um deles é o tráfico de drogas. Por exemplo, no dia 30 de agosto, o cantor sertanejo Yuri Ramirez, de 47 anos, foi executado enquanto morava com uma idosa de favor.
Segundo informações obtidas pelo Correio do Estado, o rapaz era um dos maiores traficantes da Região Noroeste de Goiânia antes de se aventurar no mundo da música, com o nome artístico de Yuri Ramirez.
De acordo com o delegado Rodolfo Daltro, titular da Delegacia Especializada de Homicídio de Proteção à Pessoa (DHPP), o aumento deste ano está diretamente ligado a brigas entre traficantes de drogas em Campo Grande.
“Perda de espaço de algumas figuras no microtráfico de drogas, surgindo uma disputa pelo poder, noutros termos, por pontos de vendas”, explicou o delegado ao Correio do Estado.
Conforme o delegado, em alguns casos, inclusive, há relação de vingança envolvendo mortes ligadas ao tráfico de drogas. Além disso, Daltro afirmou ainda que em alguns casos, a investigação levou ao fim do esquema de tráfico.
“Nos casos de mortes visando a dominância de locais de microtráfico fomos exitosos em identificar não somente os executores, mas também os mandantes, o que culminou em cessar com a situação envolvendo os grupos [em questão]”, declarou o delegado.
“Mas houve um aumento no número de elucidações, superior ao número do aumento de homicídios”, completou o delegado.
Exemplos disso são as mortes de Júlio César Martins Ferreira, de 40 anos, morto em março deste ano, e de Kennyd Anderson José Antunes de Oliveira, de 21 anos, assassinado em janeiro deste ano.
Conforme o delegado, no caso de Kennyd, que foi baleado na Vila Nhanhá, em Campo Grande, “o mandante está preso, [é um] conhecido traficante que atua em vários bairros da cidade, cujo nome é Adaílton Pereira de Souza, vulgo Sementinha”.
Já no caso da investigação sobre o assassinato de Júlio César, que foi encontrado morto em um carro no Bairro Vilas Boas, a Polícia Civil descobriu que a mandante era uma traficante de drogas, Jéssica Pontes Milan, que foi presa.
O aumento da relação com o tráfico de drogas em Campo Grande já foi abordado pelo Correio do Estado, principalmente com relação a alta de apreensões de drogas na Capital. Segundo a reportagem, a cidade, por estar localizada em região estratégica, tem sido usada por quadrilhas como entreposto do tráfico.