Deputados estaduais cobram punição por apologia à violência em formatura da PM. “Bate até matar”

Os deputados estaduais do PT, Zeca, Pedro Kemp e Gleice Jane, cobraram, ontem (5), durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), punição aos responsáveis pelo episódio que resultou em gritos enaltecendo a violência por formandos da Polícia Militar.

Eles apresentaram indicações solicitando que o caso seja investigado o mais rápido possível, bem como a identificação dos responsáveis para aplicação de sanções. A indicação de Zeca foi encaminhada ao governador Eduardo Riedel (PSDB), que foi padrinho e deu nome à turma do 38º Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar, ocorrido na quinta-feira (31), no Comando-Geral da PMMS.

Zeca, que classificou o episódio como “lamentável”, encaminhou o documento ao secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, e ao procurador-geral de Justiça Romão Avila Milhan Junior, pedindo “punição rigorosa aos responsáveis”.

Enquanto isso, o colega de sigla, Pedro Kemp, incluiu, além do governador e do secretário, o coronel e comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), Renato dos Anjos Garnes, e o Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GACEP), do MPE (Ministério Público Estadual), solicitando que o caso seja apurado com celeridade.

A deputada Gleice Jane (PT), por sua vez, solicitou que seja encaminhado um requerimento de informações ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, para saber quais providências serão tomadas diante do vídeo registrado na formatura, com conteúdo de “incitação à violência, tortura e morte”.

Entre os trechos destacados do grito de guerra, foram apontados: “bate na cara, espanca até matar” e “é a tropa da PM que cancela CPF”. Gleice Jane pontuou que a imagem institucional da Polícia Militar deve transmitir confiança e equilíbrio, garantindo segurança à sociedade.

Além disso, é necessário evitar que ações policiais resultem em reações desesperadas de pessoas abordadas, inclusive de infratores, motivadas por temor infundado de execução sumária. A confiança na atuação legítima da corporação é fator determinante para preservar vidas e reduzir riscos em operações”.

“O episódio suscita indagações sobre falhas de supervisão, eventuais permissividades culturais e a adequação dos mecanismos de controle interno. Ao mesmo tempo, demanda que sejam identificadas e corrigidas práticas institucionais que possam, ainda que simbolicamente, legitimar ações ilícitas ou violentas por agentes estatais”, diz o requerimento.

O polêmico grito de guerra ocorreu em meio a um cenário de disparada no número de mortes provocadas por policiais em Mato Grosso do Sul. No primeiro ano do governo Riedel, em 2023, policiais mataram 131 pessoas. Para efeito de comparação, na soma dos três anos anteriores, haviam sido registradas 130 mortes.

No ano seguinte, 2024, o número caiu para 86, o que ainda representou o segundo maior índice da história de Mato Grosso do Sul. Em 2025, até o fim de julho, foram 46 mortes, número já próximo ao total de casos de 2022, quando houve 51 registros.