Levantamentos feitos no fim de 2022 e ao longo de 2023 pelo Governo do Estado revelam que a empresa que vencer o leilão para administrar os 870 quilômetros da chamada Rota da Celulose, que será realizado hoje (8) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), vai faturar diariamente algo em torno de R$ 1,8 milhão com a cobrança de tarifa nas 12 praças de pedágio que devem ser instaladas.
Além disso, ainda conforme o governo estadual, passam diariamente pelos locais previstos para implantação dos pórticos 120.421 eixos rodantes, sendo o corredor rodoviário da BR-267 aquele com maior volume de tráfego (55.028 eixos rodantes, representativo de 45,7% do tráfego total)”.
E, caso não haja deságio significativo, a tendência é de que o valor médio de cada praça de pedágio seja da ordem de R$ 15,00. O edital prevê que o valor máximo seja de 19 centavos por quilômetro em rodovia simples e de até 26 centavos em trechos duplicados.
Além de um possível deságio, a inadimplência é outro fato que pode prejudicar a arrecadação das empresas, já que haverá apenas cobrança automatizada. O estudo também dá ênfase ao alto fluxo de veículos de passeio entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, o que pode ser atribuído ao período de construção da fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo, quase 25 mil eixos rodantes por dia nas duas praças de cobrança.
Por outro lado, o estudo revela que a MS-040, que liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo, é praticamente deserta, com apenas 16 mil eixos rodantes por dia nos locais onde devem ser instalados os três pontos de cobrança.
Os estudos foram baseados em 47 contagens, todas feitas durante 24 horas por dia por câmeras afixadas até mesmo em árvores. Depois os dados foram submetidos a um programa de inteligência artificial para chegar ao número mais aproximado possível da quantidade de veículos que utilizam as rodovias, já que é esta a principal informação de que as empresas precisam para entrar na disputa.
Conforme apuração do jornal Correio do Estado, estão interessados fundos ligados ao banco BTG Pactual e à empresa e corretora XP Investimentos, um consórcio entre o gestor de ativos Kinea e a Way (que já administra duas concessões em Mato Grosso do Sul) e a K-Infra, empresa que tem concessões de rodovias no Rio de Janeiro.
Elas terão de entregar suas propostas em envelopes lacrados na B3 e caso haja empate nas propostas de menor pedágio, haverá disputa oral entre as concorrentes. O edital prevê que o deságio máximo não pode ultrapassar os 20%.
No caso do consórcio formado entre a Kinea e a Way, denominado Rotas do Brasil, ele também vai administrar outras rodovias. Em outubro de 2024, o grupo venceu a licitação para operar a Rota do Zebu, que conecta o Triângulo Mineiro e tem como principal rodovia parte do trecho de Minas Gerais da BR-262. Já os fundos da BTG e da XP Investimentos devem vir com uma empresa de logística à frente.
O leilão prevê a privatização das rodovias estaduais MS-040 (de Campo Grande a Santa Rita do Pardo), e as rodovias MS-338 e MS-395, de Santa Rita do Pardo até Bataguassu. Além disso, de trecho da BR-262 (de Campo Grande a Três Lagoas) e da BR-267 (de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul).
Depois de ser cancelado em 2024 por falta de participantes, o governo de Mato Grosso do Sul aumentou a taxa de retorno do investimento, que passou de 10,37% para 11,41% ao longo dos 30 anos de concessão, além de outros ajustes no edital de concessão.