Enquanto a cidade chora esburacada, vereadores fazem prefeita rir com salário 66% maior

Os vereadores de Campo Grande aprovaram, nesta quinta-feira (24), reajuste salarial de 66% para a prefeita Adriane Lopes (PP), de 100% para a vice-prefeita Camilla de Oliveira (Avante) e de 159% para os secretários municipais, ignorando a situação caótica do município, com ruas cheias de buracos e colapso na saúde pública.

Ao todo, conforme o site O Jacaré, 22 vereadores votaram pela aprovação e apenas um foi contra – o vereador Marquinhos Trad (PDT), que já foi prefeito da Capital, enquanto Adriane Lopes era sua vice-prefeita. Com o presente de Natal antecipado pela Câmara Municipal, a prefeita passará dos atuais R$ 21.263,62 para R$ 35.462,22 por mês.

Enquanto isso, a maioria do funcionalismo municipal, que recebe uma miséria, continuará sem a reposição da inflação, algo que perdura há três anos. Apesar do último reajuste no salário da prefeita ter sido em 2019, quando houve correção de 4,17% ainda na gestão de Marquinhos, os vereadores optaram por faltar com a verdade e adotaram o discurso que não havia correção há 13 anos.

De acordo com Marquinhos Trad, Campo Grande está com o nome negativado no “Serasa”, o que impede o município de receber recursos federais não obrigatórios, como investimentos. Os vereadores ignoraram, repetindo o mantra da velha política brasileira, o colapso na Santa Casa, onde falta materiais, insumos e até medicamentos, com pacientes correndo risco de morte e de sequelas.

Até o Hospital do Câncer está precisando de recursos, conforme admitiu Junior Coringa (MDB), que apesar de reconhecer o problema, votou a favor do reajuste. Ele sugeriu que a prefeita doe parte do salário para resolver o problema. O impacto do reajuste aprovado hoje será de R$ 95 milhões por ano, conforme a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, em entrevista ao site Campo Grande News.

O montante seria suficiente para tirar Campo Grande, que caminha para ter um milhão de habitantes. Para o vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, o reajuste vai “garantir melhora no serviço público”.

Defensor ardoroso no reajuste da prefeita, o presidente da Câmara Municipal, Epaminondas Neto (PSB), o Papy, admitiu que o impacto financeiro será altíssimo. Ele disse que a Câmara Municipal vai informar ao Tribunal de Justiça que reduziu o valor do salário da prefeita de R$ 41,8 mil para R$ 35,4 mil e os desembargadores serão obrigados a concordar com a mudança. “O TJ tem que considerar a lei constitucional”, argumentou.

Ele também repetiu o discurso de que o salário da prefeita “não sobe há 12 anos” apesar do último reajuste ter ocorrido em 2019. Apesar da Constituição obrigar, Papy não saiu em defesa dos servidores com menores salários, que são maioria e não recebem reposição da inflação há três anos.

 

Votaram a favor do reajuste e ignoraram a maior crise da história da Capital:

 

Herculano Borges (Republicanos)

Veterinário Francisco (União Brasil)

Maicon Nogueira (PP)

Carlão (PSB)

Coringa (MDB)

Dr. Jamal (MDB)

Landkmark (PT)

Luiza Ribeiro (PT)

Ronilço Gueirreiro (Podemos)

Rafael Tavares (PL)

Professor Juari (PSDB)

Professor Riverton (PP)

Neto Santos (Republicanos)

Beto Avelar (PP)

Ana Portela (PL)

Flávio Cabo Almi (PSDB)

Wilson Lands (Avante)

Leinha (Avante)

Dr. Vitor Rocha (PSDB)

Silvio Pitu (PSDB)

Fábio Rocha (União Brasil)

Não participaram da votação

Jean Ferreira (PT)

André Salineiro (PL)

Clodoilson Pires (Podemos)

Delei Pinheiro (PP)

Dr. Lívio (União Brasil)