Apesar do investimento de R$ 16 bilhões, a fábrica de celulose da Bracell no município de Bataguassu (MS) não trará só boas notícias para a região. De acordo com o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental elaborado pela própria empresa, há uma preocupação com a fauna no local, pois prevê o agravamento de um problema crônico no Estado, o atropelamento de animais silvestres nas estradas.
O Relatório de Impacto Ambiental apontou que a fábrica vai afetar os meios físico, biótico e socioeconômico da região, pois o local terá alterações no ambiente mais intensas, seja pela substituição dos usos atuais, seja pela alteração de fatores ambientais.
A área foi definida a partir de um raio de 5 quilômetros no entorno do empreendimento, tendo em vista, principalmente, o estudo de dispersão das emissões atmosféricas da operação da nova fábrica de celulose e a área de estudo para encaminhamento das tubulações da adutora e emissário de efluentes.
A Área de Influência Direta (AID) foi considerada como sendo o município de Bataguassu, uma vez que o empreendimento é abrangido em sua totalidade pelo município. A Área de Influência Indireta (AII) corresponde à área potencialmente sujeita aos impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento.
Para os meios físico e biótico, a AII compreende os limites da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo. Na fase de implantação da megafábrica de celulose, o Relatório de Impacto Ambiental da Bracell aponta para a perda de vegetação e habitat terrestre do local, podendo afugentar a fauna.
“Porém, sabe-se que, como ocorrido em empreendimentos similares, a fauna tende a se afastar na fase de implantação e a retornar na fase de operação, não interferindo significativamente na fauna local”, diz o Rima.
O tráfego a ser gerado pela indústria da Bracell, tanto na fase de implantação como nas fases posteriores de operação, está associado ao manejo de veículos de grande capacidade (bi trens, tri trens ou até mesmo hexa trens). Esse incremento de tráfego tende a aumentar a frequência de atropelamentos de animais, afirma o relatório.
A principal medida para atenuar a quantidade de mortes na fauna é a implantação do “Programa de Mitigação das Interferências no Tráfego”, que tem como objetivo propor medidas mitigadoras associadas à segurança de trânsito e medidas preventivas para redução dos riscos de acidentes de trânsito.
Além disso, são propostas diretrizes para treinamento dos motoristas e metodologia para registros de acidentes tanto com pessoas como com a fauna silvestre. Entre outras diretivas, o programa recomenda que estas vias sofram constantes manutenções e sejam devidamente sinalizadas; além da importância que os funcionários próprios e terceiros recebam informações sobre direção defensiva, legislação de trânsito e sobre a legislação local a fim de evitar acidentes, inclusive com a fauna local.
“Ressalta-se ainda a importância da implementação do Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre na fase de obras. O principal objetivo do Programa de Monitoramento de Fauna é realizar o acompanhamento e avaliação da biodiversidade relacionada à mastofauna, avifauna e herpetofauna na área de influência da fábrica”, diz a Bracell.
Em 2024, cerca de 2,3 mil animais foram atropelados nos biomas Cerrado e Pantanal. Os dados foram coletados pelo Projeto Bandeiras e Rodovias, do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres). Em nota técnica que acompanha o estudo, especialistas alertam que a destruição do habitat natural dos animais também colabora para o aumento desses incidentes. Com infos O Jacaré