Tem que investigar o investigador! Delegado de Terenos é acusado de assédio moral e de tortura

O delegado de Polícia Civil Mateus Crovador da Silva, titular da Delegacia de Polícia Civil de Terenos, está sendo acusado pelos colegas de assédio moral, abuso de autoridade e até torturar presos nas dependências do órgão público. Por outro lado, conforme o site Campo Grande News, o delegado se defende, afirmando que há sete meses enfrenta, sozinho, a resistência dos servidores em cumprir suas ordens.

A denúncia foi parar na Corregedoria da Polícia Civil e no MPE (Ministério Público Estadual) e nela os policiais civis acusam o delegado de utilizar spray de pimenta contra presos e espancar um custodiado, além de humilhar os servidores e tratar com desrespeito a população que busca atendimento na unidade.

Trecho do documento revela que no dia 27 de novembro de 2024, três presos estavam custodiados na delegacia e, na ocasião, um dos homens gritou por socorro por estar passando mal. Em vez de receber atendimento adequado, foi surpreendido pelo delegado, que jogou spray de pimenta em seu rosto.

Além disso, Mateus Crovador bateu no rapaz com um cabo de vassoura e só parou quando o objeto quebrou. Os servidores afirmaram que também são desrespeitados e, no documento, consta que diversos policiais lotados na delegacia têm relatado constantes episódios de humilhação, cobrança excessiva, ameaças e atos que configuram assédio moral no ambiente de trabalho.

Policiais civis também descrevem no documento que certo dia, em deslocamento para o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, em Campo Grande, o delegado insinuou que a maneira mais fácil de “arranjar dinheiro” era pegar droga para vender. A fala foi interpretada como uma sugestão de prática criminosa suspeita.

Além disso, conforme a denúncia, Mateus Crovador discrimina a equipe, fatos que vêm causando problemas psicológicos e físicos aos servidores. Por medo de serem transferidos de delegacia, os policiais preferiram não se identificar.

A conduta do delegado, conforme o documento, tem gerado um ambiente de trabalho tóxico e desrespeitoso, afetando não apenas os policiais, mas também o atendimento à população. Diante dos fatos expostos, os servidores da unidade solicitaram que as autoridades adotem as medidas necessárias para apurar as condutas do delegado.

Já o delegado afirmou estar ciente das denúncias contra ele e contou sua versão dos fatos. “Eles fizeram uma reunião entre eles e disseram que não iriam cumprir minhas ordens. Fiquei sabendo disso, conversei com o pessoal da diretoria e, como não temos efetivo, não seria possível removê-los”, explicou.

Mateus Crovador contou também que havia denúncias de que os policiais levavam mulheres para dentro da delegacia. “Eu coloquei uma câmera no corredor da unidade. Comprei com meus recursos pessoais, ela ainda não está ativa. O chefe da equipe me mandou uma mensagem desaforada, exigiu que eu colocasse uma câmera na minha sala, que não confia em mim. Mandei a mensagem para a diretoria”.

“Certo dia, quando o delegado chegou para trabalhar por volta das 7h30, o policial havia colocado uma lona na câmera. “Eu havia dito que a câmera serviria para inibir o ingresso de pessoas que não pertencem ao quadro dos servidores, obviamente, pelo fato das mulheres. Ele começou a gritar comigo, dizer que eu sou covarde, me xingou. Eu tenho vídeo. Diante disso, fiz uma comunicação à Corregedoria. E ele está respondendo por causa disso”, alegou.

Mateus Crovador contou que quando assumiu a unidade tentou se alinhar com a equipe, mas sempre enfrentou resistência. “Fiz uma reunião com eles, falei que precisávamos produzir, melhorar a qualidade dos inquéritos, e eles disseram que não eram funcionários do Ministério Público e se posicionaram a favor do delegado anterior, que foi removido. Então, ali já tivemos um enfrentamento.”

Outra situação que o delegado relatou foi quando um policial plantonista deixou de receber um flagrante de tráfico de drogas levado por uma equipe da PRF (Polícia Rodoviária Federal). “Não houve melhoria. Eu estava de férias e, durante esse tempo, um dos investigadores deixou de receber um flagrante da PRF. Ele dormiu durante a madrugada e não recebeu. A diretoria pediu para que eu verificasse se o policial estava dentro da delegacia, porque você não receber a guarnição de outra instituição que está com um flagrante é um fato grave. Fui checar as imagens, e foi inconclusivo, porque eles desviaram as câmeras para eu não ter o controle de quem entra na unidade policial”, recorda.

Após o ocorrido, Mateus baixou uma portaria determinando que o investigador plantonista ligasse para a equipe da PRF no início do turno de serviço para criar uma relação amistosa. “Eles falaram que não iriam cumprir, porque isso era uma humilhação. Na época, falei que era uma conduta grave e disse que não iria tolerar. A minha luta é para que eu coloque essa unidade em dia”, concluiu.