Facções criminosas CV e PCC selam trégua para enfrentar inimigo comum: os presídios federais

Os criminosos Marco Willian Herbas Camacho, o “Marcola”, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o “Marcinho VP”, líderes das duas maiores facções criminosas do Brasil, PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), respectivamente, firmaram uma trégua para enfrentar um inimigo comum: os presídios federais.

Os dois buscam afrouxar as regras do Sistema Penitenciário Federal, o rigoroso modelo onde as duas lideranças cumprem pena. Além disso, eles querem também chegar a um acordo para compartilhar a chamada “rota caipira”, que se estende da Bolívia até o Porto de Santos, em São Paulo, passando por Mato Grosso do Sul, e por onde é escoada a cocaína boliviana.

Apenas no Estado, a guerra sangrenta entre CV e PCC, travada no território da cidade de Sonora (MS), sete pessoas já morreram em 2024, algumas por engano. Os primeiros dias de 2024 já indicavam que o município sul-mato-grossense iria enfrentar uma onda de violência perpetrada pelo crime.

Na madrugada de 8 de janeiro, Ruan Henrique Lima foi assassinado a tiros, aos 22 anos. Conhecido como “Dom Juan” ou “Lacoste”, exercia o papel de apoio geral do PCC. A baixa na organização da facção paulista era o prenúncio do acirramento da guerra pelo controle do tráfico de drogas na região norte de Mato Grosso do Sul, travada com o CV.

Na noite de 20 de janeiro, o comerciante Tiago Valdecir Sandrim, 27 anos, morreu a tiros, na pizzaria de propriedade dele. Uma execução por engano: o alvo era um funcionário, integrante do PCC. No dia 21, Rhariston Alves de Souza, o “Sem Fronteiras”, suspeito de executar o dono da pizzaria, morreu em confronto com a Polícia Militar.

No dia 28 de fevereiro, Juvenal Santos Silva, 62 anos, foi assassinado a tiros, um deles, na cabeça. Mais uma vez, era o alvo errado. Na madrugada de 15 de março, outra vítima das balas do Comando Vermelho. Sabrina Machado, 18 anos, funcionária da boate, foi morta com tiro no tórax, em disparo que estava direcionado a um faccionado do PCC.

No mesmo dia, mais duas mortes por engano em crime que chocou a cidade. Foram executados o estudante João Vitor de Oliveira, 21 anos, e o professor Jair Ferreira Jara, 49 anos. O crime foi em frente ao ginásio.

Um aviso macabro foi encontrado próximo aos corpos das vítimas: “Um recado CV MS”, diz. Nele, citam nomes de supostos alvos da facção: “estamos em Sonora e daremos sangue pela nossa luta”.