Nos últimos dias, a situação nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e Bolívia virou um verdadeiro “barril de pólvora” prestes a explodir com o enfraquecimento das forças de segurança pública dos dois países e, consequentemente, o fortalecimento da influência do narcotráfico.
Nesta semana, enquanto o governo paraguaio comunicava o encerramento da parceria entre a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) e a DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, no combate ao narcotráfico, os policiais bolivianos completaram quatro meses sem receber salários, virando um alvo fácil para os subornos pagos pelos narcotraficantes.
O caso do Paraguai pegou de surpresa as autoridades norte-americanas e gerou até uma publicação do jornal The Washington Post, um dos mais renomados dos Estados Unidos, estranhando o fim da parceria que já durava anos. A DEA tem no Paraguai cerca de 300 agentes integrantes, que ajudavam a Senad no combate aos narcotraficantes que atuam na região de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
Além disso, esses agentes de elite norte-americanos davam treinamento para os policiais da Senad e repassavam equipamentos dos Estados Unidos para a força paraguaia, como armas e munições de ponta. A parceria entre a Senad e a DEA foi firmada ainda durante a ditadura do ex-presidente Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai durante quase 35 anos, de agosto de 1954 até fevereiro de 1989.
Na fronteira entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, estão estabelecidas diversas organizações criminosas voltadas ao tráfico de drogas. Por ser fronteira seca, a região é uma das principais portas de entrada de entorpecentes no Estado, de onde a droga segue para outras regiões do Brasil.
Por isso, o monitoramento realizado pelos agentes dos Estados Unidos no país vizinho colaborava não somente com as forças de segurança locais, mas também com as de Mato Grosso do Sul. Na outra ponta, o Estado ainda faz fronteira com a Bolívia, onde há quatro meses o governo não paga os salários dos servidores públicos, incluindo as forças de segurança.
Em relação à Bolívia, a preocupação é com a grande quantidade de cocaína que é produzida em seu território. É de lá que vem a maior parte desse tipo de entorpecente que circula em Mato Grosso do Sul. Por toda essa conjuntura, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, afirmou que a situação merece atenção, porém, completou que ainda não é necessário alarde.
“Decerto que toda fragilidade da atuação estatal tende a favorecer o crime. A atuação conjunta e a permanente vigilância do Estado são imprescindíveis. Fragilidades momentâneas, a se tornarem crônicas, podem, sim, favorecer o incremento da atividade criminosa. Por isso ambos os casos merecem atenção, mas não alarde”, declarou.
“O Estado brasileiro e as instituições que compõe o sistema de justiça criminal no País estão atentas a estes problemas e mantêm constante diálogo com os vizinhos parceiros, para juntos, atuarem frente a um problema que é mundial: o crime organizado”, completou o superintendente, enfatizando que o tráfico de drogas é preocupação constante para os governos brasileiro, paraguaio e boliviano.
“O tráfico de drogas pelas fronteiras brasileiras com a Bolívia e o Paraguai é constante fonte de preocupação do governo dos três países e, consequentemente, um foco da PF, que tem o dever constitucional de realizar o policiamento marítimo e aeroportuário e o controle de fronteiras, além de combater o tráfico de drogas e armas”, finalizou. Com informações do Correio do Estado