Investigação do Garras descobre que preso do Rio elaborou furto no prédio onde mora ex-governador

O delegado de Polícia Civil Guilherme Scucuglia, titular da Garras (Grupo Especializado em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), informou, ontem (10), ao site Campo Grande News que o plano para invadir e furtar apartamentos de luxo em Campo Grande (MS) saiu de um preso do Rio de Janeiro e o imóvel do ex-governador Reinaldo Azambuja não era o alvo.

Ele revelou que as informações foram dadas pelo criminoso Davi Morais Saldana, de 24 anos, durante depoimento no dia 17 de junho. O preso começou contando que, mesmo sem advogado, gostaria de colaborar com as investigações e afirmou que já foi preso por furtos semelhantes.

David Saldana estava em liberdade desde agosto do ano passado, mas por ser ex-presidiário não conseguiu emprego. O ladrão confesso afirmou ainda que dias antes de vir à Capital foi contatado pelo mentor do plano, um homem, cujo apelido é Bully, especialista em invasão a condomínios luxuosos e está preso no Rio de Janeiro.

Ainda conforme o depoimento, Bully passa os dias na prisão em busca de alvos do lado de fora. Ele usa sistema onde pelo CPF, consegue descobrir endereços, movimentação bancária, valores pagos em impostos, empresas vinculadas àquela pessoa. Foi o detento que planejou entrar numa cobertura atrás do Shopping Campo Grande que pertence a dono de “mais de 30 empresas”, segundo o interrogado.

O ladrão ficou então encarregado de tomar as providências “extramuros” e chamou Ítalo Alexandre Franca Silvestre, 22 anos, para participar da invasão e outro homem, que só identificou como “Bigode”. Os dois toparam de primeira.

O depoente revelou que Ítalo Silvestre alugou um carro para a viagem de São Paulo (SP) a Campo Grande e o terceiro comparsa se comprometeu a dirigir. No sábado, dia 8 de junho, já na Capital, o trio foi até o endereço indicado pelo mentor, mas não contava com um detalhe: o acesso pela portaria é feito por reconhecimento facial.

Sabendo que seria muito difícil entrar no prédio, desistiram e para não perder a viagem, passaram a sondar outros edifícios na Capital. O rapaz afirma que o condomínio no Jardim dos Estados foi escolhido por ter apenas uma sacada por andar – o que indicava que se tratava de prédio com um apartamento por pavimento – e por “falhas” detectadas na segurança.

Davi Saldana conta que costuma estar bem vestido para tais ações. Ele entrou no edifício sem que ninguém perguntasse quem ele era, foi direto para a escada de incêndio, subiu até o último andar e foi descendo até chegar a unidade 1.800, onde Reinaldo mora com a família.

Percebeu que o apartamento estava vazio e arrombou a porta de serviço. Ele negou que soubesse que se tratava da residência de um ex-governador. Já lá dentro, avisou Ítalo Silvestre, que também passou pela portaria sem impedimentos. Vinte minutos depois, os dois deixaram o residencial pelo portão da frente, com uma mala cheia de joias e dinheiro.

O preso que planejou o assalto foi quem indicou os receptadores em São Paulo, segundo o interrogado. Dois homens já foram identificados pela Garras como os responsáveis por comprar os objetos furtados de Reinaldo e Fátima Azambuja.

De acordo com a investigação do Garras, o apartamento do ex-governador foi invadido no dia 8 de junho, mas o furto só foi descoberto no dia seguinte, quando Reinaldo Azambuja voltou de viagem a Maracaju (MS).

Além de Davi Saldana e Ítalo Silvestre, que confessaram o crime, Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, foi preso em São Paulo no dia 10 de junho, menos de 48 horas após a invasão. Ele estava com a dupla e é suspeito de estar envolvido no processo de venda das joias, segundo a investigação.

Conforme relatório policial, o trio estava no carro alugado por Ítalo Silvestre para a empreitada criminosa na Capital. No veículo, havia sacola contendo R$ 67 mil em espécie, relógios, colar e pulseira, objetos que Reinaldo e a ex-primeira-dama, Fátima Azambuja, reconheceram.