Serra e sobrinho de prefeita usavam caminhonetes alugadas pela prefeitura para ir para fazenda

Em delação premiada feita ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e ao Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), o ex-chefe de compras da Prefeitura de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, revelou que o vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB), que foi secretário municipal de Fazenda, e o sobrinho da prefeita Vanda Camilo (PP), Felipe Camilo, utilizaram caminhonetes alugadas e abastecidas pelo Executivo municipal para se deslocarem para a fazenda do parlamentar.

No depoimento, ele informou que a Prefeitura de Sidrolândia firmou contrato com a empresa Rental Car para fornecer veículos, ao custo de R$ 9,8 mil mensais, sendo eles uma TrailBlazer para a prefeita Vanda Camilo, uma caminhonete Amarok para Claudinho Serra e os outras caminhonetes também de modelo Amarok para os titulares das secretarias municipais de Saúde e de Educação.

“A Amarok da secretaria de Fazenda era utilizada pelo próprio Cláudio e pelo Felipe, sobrinho da Vanda. Ele várias vezes pedia pra mim: ‘enche o tanque da caminhonete que amanhã vou para a fazenda’”, afirmou aos promotores de Justiça.

Ainda segundo o delator, a caminhonete era abastecida também com recursos públicos para “levarem coisas particulares para a fazenda do Cláudio [Serra]”, pontuou, completando que se trata da Fazenda Divisa, que fica no município de Sidrolândia na divisa com os municípios de Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti.

“Esse Felipe [sobrinho da Vanda] ia uma, duas vezes por semana para a fazenda. Até um dia fui abastecer a caminhonete e ela estava carregada com cochos de tambor [para armazenar água para gado beber] para levar para a fazenda. Usava muito para coisas particulares. Muito pouco era usada [para uso em serviço como secretário]”, reforçou.

O advogado de defesa de Claudinho Serra, Tiago Bunning, encaminhou nota sobre as acusações, reforçando que “o delator joga palavras ao vento, faz acusações e não apresenta qualquer prova do que diz”.

Além disso, apontou que o depoimento enquanto preso descredibiliza as denúncias. “Suas declarações foram colhidas durante o período em que estava preso, sendo solto logo após delatar. Esse contexto retira toda a credibilidade das informações trazidas na delação”, afirmou.

Em nota, a prefeita de Sidrolândia negou as acusações feitas por Tiago na delação. “É com tranquilidade e firmeza que venho reafirmar minha inocência em relação às acusações apresentadas na delação premiada recentemente divulgada. As declarações contidas na delação apontam para atos praticados por servidores, que estão sendo investigados pela Justiça”, disse.

Ainda na nota, ela afirmou que “não tolero e nunca tolerei qualquer ato de corrupção em minha gestão, e assim que tomei conhecimento dos fatos, agi de forma imediata e enérgica. Todos os servidores envolvidos foram exonerados ou afastados, seguindo rigorosamente os trâmites legais”, pontuou.