O mau cheiro oriundo da unidade frigorífica do JBS em Campo Grande (MS), na saída para Terenos (MS), está longe de ser solucionado para desespero dos moradores da região, que sofrem com o problema há quase duas décadas.
Apesar de as vistorias feitas por técnicos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e do MPE (Ministério Público Estadual) apontarem a responsabilidade do mau cheiro para o grupo, os responsáveis pelo frigorífico culparam até tartarugas pelas irregularidades ambientais
Segundo matéria publicada pelo Correio do Estado, no inquérito civil instaurado pelo MPE para apurar a regularidade jurídica do funcionamento da empresa, uma vistoria realizada no dia 19 de fevereiro deste ano constatou um extravasamento na tubulação que leva os efluentes do frigorífico ao córrego Imbirussu.
E, conforme a página 142 do inquérito instaurado nesta segunda-feira, “o Sr. Rone informou que ocorreu um entupimento da tubulação, causada pela entrada de uma tartaruga, no sábado anterior a esta fiscalização, gerando um extravasamento no solo próximo”.
O curioso é que justamente naquele sábado anterior, época em que ocorriam manifestações de moradores reclamando do forte odor procedente do frigorífico, diretores do Imasul fizeram uma visita “informal” à unidade da JBS e constataram que havia vazamento de gases na tubulação e que o aumento do mau cheiro coincidiu exatamente com o aumento das atividades deste setor e com as datas em que os moradores reclamavam do cheiro insuportável.
Dois dias depois, porém, quando os fiscais foram à empresa, os locais onde ocorria o vazamento haviam sido consertados e, por conta disso, a empresa foi multada somente por irregularidades menores, que lhe renderam multa de R$ 100 mil. Entre estas irregularidades estava exatamente o problema supostamente causado por uma tartaruga que saiu do córrego e resolveu passear pela tubulação interna do frigorífico, causando o entupimento e o consequente vazamento.
Os técnicos do MPE, que foram à unidade da JBS e aos bairros próximos em datas diferentes ao longo de março, abril e maio, confirmaram que o mau cheiro realmente é procedente do frigorífico. “O frigorífico JBS é responsável pela emissão de maus odores provenientes de seu processo produtivo. Tais odores causam incômodo à população que reside nos arredores do estabelecimento”, diz o relatório.
Com isso, confirmam a versão dos moradores e descartam os argumentos da empresa, que tenta atribuir a responsabilidade do problema a outras empresas da região. Ao final do relatório, estes técnicos deixam uma recomendação nada animadora aos moradores, dando a entender que o problema não tem solução. Eles recomendam que a empresa faça um “planejamento, a médio prazo, visando ao deslocamento da planta produtiva para outro local mais adequado (núcleo industrial, por exemplo), de modo a não causar mais incômodos na vizinhança”.