O raio X do esquema! MP libera delação que apontou chefões de esquema de corrupção em Sidrolândia

A promotora de Justiça Bianka Machado Arruda Mendes, da Promotoria de de Sidrolândia, liberou acesso à delação premiada feita pelo servidor Tiago Basso da Silva, no caso que resultou em ação penal contra vários empresários, muitos deles de fachada, e políticos que administravam contratos da prefeitura de Sidrolândia com fornecedores.

A decisão da promotora também desmentiu um rumor de outra delação, que até agora não passa de um alarme falso: a de que a servidora Ana Cláudia Alves Flores, também envolvida no esquema, teria feito um acordo de colaboração premiada. No mês passado, o advogado dela chegou a anunciar que ela faria um acordo de delação.

Os réus na ação penal sobre o esquema de corrupção, peculato (desvio de dinheiro público), lavagem de dinheiro e organização criminosa que queriam ter acesso à delação de Basso são o vereador licenciado de Campo Grande e ex-secretário de Fazenda de Sidrolândia, Claudinho Serra (PSDB); o empresário Ricardo José Rocamora Alves, apontado como um dos chefes do esquema; Thiago Rodrigues Alves; Ana Cláudia Alves Flores; Luiz Gustavo Justiniano Marcondes; Cleiton Nonato Corrêa e Yuri Morais Caetano.

“Segundo entendimento da doutrina e da jurisprudência, o acesso deve ser garantido caso estejam presentes dois requisitos: o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do requerente; e o ato de colaboração não deve referir-se à diligência em andamento”, informou a promotora em sua decisão.

Prefeitura

A partir do material coletado no início de abril, há a previsão que a força-tarefa do MPE (Ministério Público Estadual) tenha mais munição para chegar à prefeita da cidade e sogra de Claudinho, Vanda Camilo (PP). A participação da gestora no esquema foi detalhada, com comprovações, pelo ex-chefe do setor de Compras e Licitações da prefeitura.

Classificado como “importante peça desse grupo criminoso para o sucesso na execução dos ilícitos”, Basso foi poupado da última denúncia oferecida pelo Ministério Público, contra Claudinho Serra e outras 21 pessoas.

Aliás, foi em nota de rodapé, trazida na peça do MP, que houve a confirmação que o ex-servidor virou delator. “Deixa-se, por ora, de denunciar Tiago Basso da Silva pelos fatos descritos na inicial acusatória, por ter pactuado colaboração premiada com o Ministério Público, já homologada judicialmente no âmbito do Egrégio Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul”, diz o parágrafo em letras miúdas.

Em um dos depoimentos dados ao MP para o fechamento do acordo – foram pelo menos seis, apurou a reportagem –, Basso não poupou outros dois políticos sul-mato-grossenses quando foi perguntado sobre materiais apreendidos com ele. O ex-servidor trabalhou em campanhas eleitorais no município.

Como além de Vanda Camilo, os outros dois citados têm foro, o acordo foi analisado e validado pelo TJMS e não na primeira instância de Sidrolândia.